Mas, afinal, de que estamos falando quando o tema é heteroidentificação?
Em artigo publicado no Boletim UFMG, equipe da Prae discute os fundamentos do processo que utiliza a percepção social do outro para promover a identificação racial
Iniciam-se os processos para ingresso nos mais variados cursos de graduação da UFMG. É um momento em que se conjugam as expectativas dos novos estudantes com a responsabilidade político-administrativa da instituição que os acolhe. Ao mesmo tempo, a efetividade das políticas que a instituição adota precisa ser garantida. Desde esse início, a UFMG deve afirmar a centralidade das políticas de educação como eixo importante para a transformação social.
É exatamente nessa conjuntura que se insere a política de ações afirmativas, em sua modalidade mais conhecida (cotas raciais), bem como os mecanismos necessários para assegurar que essa política alcance os fins pretendidos. É disso que estamos falando quando nos referimos à heteroidentificação racial como instrumento complementar à autodeclaração.
É bastante comum que as pessoas, ao ouvirem o termo heteroidentificação pela primeira vez, indaguem se há alguma relação com o campo da sexualidade – orientação sexual (homo ou heterossexualidade). Embora o termo refira-se a aspectos que constituem a identidade dos sujeitos, o procedimento de heteroidentificação diz respeito ao modo como as pessoas são socialmente identificadas e posicionadas no que diz respeito a grupos raciais. Nesse sentido, o procedimento de heteroidentificação racial consiste em utilizar a percepção social de outro(s), que não a própria pessoa, para promover a identificação racial. É por isso que se utiliza o radical grego hetero, que designa a ideia de outro e que se distingue do radical auto, que traz a ideia de próprio.
Uma análise sobre o processo de heteroidentificação é feita por integrantes da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), em artigo publicado na edição 2.087 do Boletim UFMG.