Maternidade na pandemia, um ano depois
'Outra estação', da Rádio UFMG Educativa, volta a ouvir mães que foram personagens do programa em 2020; elas revelam novos desafios
Oito em cada dez mortes de gestantes infectadas pelo coronavírus no mundo, em 2020, ocorreram no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Grupo Brasileiro de Estudos de Covid-19 e Gravidez. Em 2021, na segunda onda da pandemia, as mortes de grávidas já ultrapassaram o total do ano passado. Até fevereiro deste ano, o país também tinha o maior número de crianças ainda sem acesso à escola, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Não por acaso, 84% das mães de crianças e adolescentes sentiram maior sobrecarga no cuidado dispensado aos filhos durante a pandemia, segundo pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Em uma sociedade que ainda não aprendeu a dividir as tarefas domésticas entre homens e mulheres, com as escolas fechadas, fica ainda mais difícil para as mães garantir uma vaga de emprego formal. No contexto de crise, elas são as mais afetadas pelo desemprego.
Nessas circunstâncias, ser mãe significa padecer muito longe do paraíso. No ano passado, o Outra estação abordou o impacto da pandemia para a saúde mental de mulheres que têm filhos. O episódio 43 conquistou o segundo lugar na categoria podcast do Prêmio Rubra de Rádio Universitário, promovido pela Associação das Rádios Universitárias do Brasil.
Desta vez, o programa revela como está a vida das mesmas mulheres ouvidas no ano passado: Admayra Cruz, mãe de primeira viagem, recentemente infectada pelo coronavírus, Verônica Vieira, mãe de três crianças, que precisa fazer bicos para complementar a renda do auxílio emergencial, Iza Lourença, que se tornou vereadora da em Belo Horizonte, após a licença-maternidade, Hellen Brandão, que retornou ao trabalho presencial e conta com a ajuda dos pais para cuidar da filha pequena, e Christiana Freitas, que tomou a difícil decisão de mandar os filhos de volta para a escola, com a retomada das atividades do ensino infantil em BH.
Também foram ouvidas a médica Patrícia Magalhães, coordenadora da Linha de Cuidados Maternoinfantis do Hospital Risoleta Neves, e a professora Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) da UFMG.
Para saber mais
Página do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19
Página da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas e nota técnica sobre a educação na pandemia
E-book Mães na pandemia, publicado pela consultoria Think Eva
Estatísticas de gênero, indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE
Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia, pesquisa realizada pela empresa social Gênero e Número e pela Sempreviva Organização Feminista
As sequelas emocionais da pandemia, pesquisa realizada pela UFRGS
Estudo recente com a vacina da Pfizer realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, que demonstrou que mães vacinadas transferem anticorpos para seus bebês por meio do leite materno. A proteção tem efeito por cerca de 80 dias.
Estudo publicado no Jornal Americano de Ginecologia e Obstetrícia, segundo o qual mulheres grávidas que desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus podem transmiti-los para seus filhos.
Faculdade de Medicina da UFMG testa vacina da Pfizer em grávidas e identifica 68 bebês nascidos com anticorpos para covid-19
Produção
O episódio 67 do programa Outra Estação é apresentado por Alessandra Ribeiro e Alicianne Gonçalves, que também assinam a produção, com participação de Beatriz Kalil. A coordenação de jornalismo é de Paula Alkmim, e os trabalhos técnicos, de Breno Rodrigues.
Na segunda temporada, o Outra Estação vai ao ar às quintas, quinzenalmente, às 18h, com reprise às sextas, às 7h, pela frequência 104,5 FM. Em cada episódio, o programa aborda um tema de interesse social. Todos os programas estão disponíveis nos aplicativos de podcast, como o Spotify.