Coberturas especiais

Mineração em terras indígenas pode gerar perdas de US$ 5 bi em serviços ecossistêmicos

Estudo científico realizado por pesquisadores do Brasil e da Austrália calculou impactos econômicos, sociais e ambientais da eventual liberação da atividade mineradora em terras indígenas

Além das perdas econômicas, a liberação da exploração mineradora na Amazônia brasileira pode causar prejuízos socioambientais para os saberes tradicionais indígenas.
Exploração mineradora na Amazônia brasileira pode causar prejuízos socioambientais para os saberes tradicionais indígenasPhoto by Subvertivo Lab on Unsplash

O Congresso Nacional está analisando um Projeto de Lei enviado pelo governo federal que propõe regulamentar a exploração de recursos minerais em terras indígenas. Se for aprovado sem alterações, a área afetada pela mineração poderá crescer de 700 mil quilômetros quadrados de floresta para até 860 mil quilômetros quadrados, no caso de exploração econômica de todos os depósitos minerais no país. 

Uma pesquisa científica realizada por pesquisadores do Brasil e da Austrália fornece dados científicos para que essa análise seja melhor fundamentada. O estudo estima que a mineração nessas terras pode gerar perdas em serviços ecossistêmicos, como regulação de chuvas e produção de alimentos. Além disso, a eventual aprovação do projeto de lei pode aumentar em mais de 20% o impacto da atividade mineradora na Amazônia brasileira. O estudo foi realizado por pesquisadores da UFMG, da USP, do Instituto Socioambiental e da Universidade de Queensland, da Austrália. 

No programa Conexões desta terça-feira, 27, o professor Britaldo Soares-Filho, coordenador do Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto de Geociências da UFMG (IGC), falou sobre o estudo, publicado na revista científica One Earth, que prevê o impacto na Amazônia do aumento da área de exploração.

O aumento da atividade mineradora na Amazônia brasileira pode aumentar em mais de 20% a degradação da floresta, gerando um possível prejuízo de 5 bilhões de dólares por ano.

"Isso é somente um estimativa, uma projeção. Mais importante que o número são os impactos qualitativos, a perda da biodiversidade, a perda da sociodiversidade, de todo o conhecimento tradicional associado às comunidades indígenas, que são verdadeiros guardiões da floresta. Ou seja, a floresta remanescente está lá, praticamente intacta, devido ao cuidado dos índios em usar e proteger a floresta”, alertou Britaldo Soares.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Outras informações sobre o estudo podem ser lidas em reportagem publicada no Portal UFMG..

Produção: Thiago de Holanda
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Hugo Rafael