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Morre o professor Antonio Teixeira de Matos, da Engenharia Sanitária

Ele desempenhou papel importante na interface da agricultura com o saneamento

Antonio Teixeira de Matos
Matos: pesquisas sobre lodo e esgoto tratadoArquivo pessoal

Morreu, no último domingo, dia 11, o professor Antonio Teixeira de Matos, do Departamento de Engenharia Sanitária da Escola de Engenharia. Ele tinha 60 anos e sofreu um AVC há cerca de 30 dias.

Engenheiro agrícola, mestre e doutor pela Universidade Federal de Viçosa, Antonio de Matos atuou no Departamento de Engenharia Agrícola da instituição de 1996 a 2015, quando se transferiu para o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG e continuou desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nas duas instituições, orientou dezenas de trabalhos de graduação, mestrado e doutorado. Pesquisador do CNPq, escreveu diversos livros-texto amplamente reconhecidos na área. Ele também foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG.

Seu colega de Departamento, o professor Carlos Chernicharo, conta que a chegada de Antonio Matos à UFMG representou um “achado” para o Departamento e para o INCT ETEs Sustentáveis, que ele coordena. “Matos fazia a interface entre a área agrícola e o saneamento, pois pesquisava aplicações do lodo e do esgoto tratado no solo e na agricultura. Seu ingresso fortaleceu muito o nosso grupo”, afirma Chernicharo.

Segundo o coordenador do INCT ETEs Sustentáveis, Antonio Matos desempenhou papel decisivo na redação de duas normativas recentes relacionadas ao reaproveitamento de subprodutos do saneamento. Uma delas, de abrangência nacional, a Conama 498/2020, estabelece padrões para o reúso do lodo de esgoto em solos, em especial para fins agrícolas, em substituição a uma norma de 2006. A outra, de abrangência estadual (Deliberação Normativa CErH-MG 65/2020), trata do emprego não potável do esgoto em atividades como fertirrigação (aplicação de fertilizantes via água de irrigação), lavagem de pistas e supressão de poeira. “Ele tinha uma fala tranquila, era recatado e até introspectivo. Mas se empolgava e virava outra pessoa quando falava de lodo, esgoto e reúso”, comenta Chernicharo.

Homenagens
Em nota, a Escola de Engenharia lamentou a morte do professor: “Antonio Matos deixa um enorme legado e muita saudade”. Dezenas de amigos, colegas, alunos e ex-alunos deixaram mensagens no memorial aberto em homenagem ao professor. Gabriel Vasconcelos registrou que Matos “trouxe muitas contribuições para o Desa e, principalmente, para nosso grupo de pesquisa Wetlands Brasil. Sua visão agrícola era o que faltava na linha de pensamento dos wetlands. Será eternamente lembrado pelo ‘corte da parte aérea da vegetação’. Sentirei falta das nossas boas conversas e viagens”.

“Depois da [intervenção] do professor Matos na minha defesa, nunca mais chamei todo corte de plantas de poda. O pouco que sei sobre plantas no tratamento de esgoto aprendi com ele pelos corredores e eventos”, testemunhou Cynthia Franco Andrade.

“Vizinha de sala”, a professora Taciana Toledo também prestou sua homenagem. “Muito triste essa notícia sobre a perda do nosso querido colega. Professor Matos, sentiremos muito a sua falta, principalmente eu, que fazia a minha paradinha clássica diária na sua sala para colocar as noticias em dia”, escreveu.