'Movidas pelo espírito republicano', Andrea Moreno e Vanessa Neves assumem direção da FaE
Cerimônia de posse foi realizada nesta quarta; nova gestão propõe a criação de 'espaços de convívio, afetividade e cuidado'
![Foca Lisboa | UFMG Andrea e Vanessa:](https://ufmg.br/thumbor/omxSMtV8w7Bq10zUkBblm-Nyt-I=/0x0:2566x1715/712x474/https://ufmg.br/storage/c/e/2/b/ce2b8fa113a819629725347f9c7fdc48_16517581888978_456276126.jpg)
As professoras Andrea Moreno e Vanessa Ferraz Almeida Neves, ambas do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino, tomaram posse, em cerimônia na noite desta quarta-feira, dia 3, nos cargos de diretora e vice-diretora da Faculdade de Educação (FaE).
Em seu discurso de posse, Andrea Moreno defendeu a gestão colegiada e debatida, fundamentada em argumentos e decisões compartilhadas, ou seja, “a ideia de que a gestão se faz valorizando a arena pública de debates de decisões, cuidando intransigentemente da coisa pública”.
![Foca Lisboa | UFMG Andrea Moreno:](https://ufmg.br/thumbor/hZFmJKhRq8BWBSkPgshHzpgBrYY=/5x95:1867x2947/352x540/https://ufmg.br/storage/5/8/a/a/58aa6a873ebc395dd60954e92594f693_1651757865167_1742013496.jpg)
“O que nos impeliria a estar à frente de uma das maiores unidades da UFMG? Unicamente o nosso compromisso institucional, e a crença de que a Universidade é melhor quando governada por nós mesmos, atores da instituição. É o espírito republicano o que nos move”, provocou.
De acordo com a nova diretora, o cargo representa a possibilidade de crescimento, de aprendizado e de partilha. É, em suas palavras, uma “oportunidade de defender, de um lugar privilegiado e com eco, a universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada”.
“Inspiradas em Paulo Freire, tomamos esse desafio como uma chance de diminuirmos a distância entre o que pensamos e dissemos e o que fazemos, e vamos nos esforçar para que nossa fala seja condizente com a nossa prática. Queríamos muito, hoje, dizer aos docentes, discentes e técnicos que estamos felizes, esperançosas e com muita energia para conduzirmos esta casa nos próximos quatro anos”, declarou.
Conforme o Plano de Trabalho, um dos objetivos da nova gestão é criar espaços de convívio, afetividade e cuidado em todas as dimensões da vida pública e cotidiana na FaE. As gestoras também pretendem analisar a situação quantitativa de servidores técnico-administrativos e construir soluções para o atendimento em todos os setores, tendo em vista as aposentadorias previstas e o cenário pouco favorável para novas contratações.
![Foca Lisboa | UFMG Daisy Cunha:](https://ufmg.br/thumbor/P8DTr32b7pD0F5eXNA88rfJzzj8=/0x158:1862x3010/352x540/https://ufmg.br/storage/b/0/c/5/b0c5bbb94d9b493b4fb3018b24bfeaa3_165175795242_575939047.jpg)
Complexidade, criatividade e resiliência
A professora Daisy Moreira Cunha, que entregou o cargo de diretora, admitiu sua euforia pela conclusão da caminhada à frente da Unidade. Segundo ela, a complexidade de dirigir a FaE decorre, entre outras razões, do conjunto múltiplo e diverso de sua comunidade, formada por cerca de cinco mil estudantes, 140 professores, 60 servidores técnico-administrativos e 15 profissionais terceirizados.
“E a complexidade se torna exponencial se considerarmos as ações de extensão, que estendem nossos limites territoriais a perder de vista. É impossível conhecer a agenda global da FaE. Ela articula ações diversas, dentro e fora do campus, simultaneamente. Vamos aonde os nossos alunos e sujeitos de pesquisa estão”, completou.
A professora destacou que, durante o seu mandato, foi preciso muita criatividade e resiliência para “sobreviver aos pacotes de maldade, cujo objetivo foi aniquilar e inviabilizar a universidade como patrimônio público”. “Sobreviver foi nossa meta número 1”, disse.
Para Daisy Cunha, a política, no contexto da Universidade, tem ganhado um gosto subversivo — o que se justifica porque “tudo o que se refere a problemas sociais são problemas políticos, problemas do viver junto”. Nesse sentido, ela observou que "a política é o que deve colocar em evidência o que realmente importa a toda essa inventividade do social, que se instaura nas microssituações cotidianas da FaE, como lugar de trabalhar e viver”.
O professor Luciano Mendes de Faria, do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação, que fez a saudação às duas gestões, ressaltou que a educação atravessa tempos sombrios no Brasil. “Sabemos que não será uma tarefa fácil dirigir a FaE. Ainda que, a partir de 1º de janeiro, possamos retomar o curso da história brasileira, foram tantas as destruições que vai demorar um tempo para sairmos desse atoleiro em que nos meteram”, enfatizou.
![Foca Lisboa | UFMG Sandra Goulart:](https://ufmg.br/thumbor/-8zPnjgHb6Ro2oG1lBLz8Tkdo6s=/0x158:1862x3010/352x540/https://ufmg.br/storage/1/e/9/7/1e97b74eab5cdb2d7be3cb52988bf929_16517580118647_1389334330.jpg)
Indignar-se e resistir
Em seu pronunciamento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida observou que a cerimônia é especialmente marcante, pois sinaliza a possibilidade de a comunidade se reunir novamente, de forma presencial. “Apesar do cenário otimista, o contexto epidemiológico ainda nos exige cautela. O luto continua — e a luta também”, ponderou.
Ao avaliar que o ano de 2022 será marcado por dificuldades, Sandra Goulart comprometeu-se a colaborar para que as adversidades não comprometam os caminhos e a missão da Universidade. "Caberá a todos e a cada um de nós indignar-se e resistir a tudo o que possa ameaçar os valores que para nós são caros. Defender a educação pública significa defender o futuro das novas gerações. De mim e de vocês, a instituição espera que ofereçamos o melhor de nossos esforços e ideias”, finalizou.
A cerimônia de posse de Andrea Moreno e Vanessa Neves, realizada no auditório da Faculdade de Educação, foi transmitida pelo canal da Unidade no YouTube, onde está gravada.