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1968 nos deixou uma lição, afirma Zuenir Ventura

No programa Universo Literário, da Rádio UFMG Educativa, escritor e jornalista falou sobre os 50 anos da morte do estudante Edson Luís e seus desdobramentos

Zuenir Ventura: jornalista e autor de '1968: O ano que não terminou'
Zuenir Ventura, autor de '1968: O ano que não terminou' Elza Fiúza/ABr / CC BY 3.0 br / Wikimedia: https://bit.ly/2pOcyOA

O ano de 1968 foi marcado por protestos ao redor do mundo, muitos deles liderados por estudantes. Nos Estados Unidos, milhares se revoltaram contra a Guerra do Vietnã e contra o assassinato de Martin Luther King. Na França, na Argentina e na Itália, estudantes se uniram a trabalhadores para protestar contra o capitalismo. As manifestações na Alemanha e no México contestaram a violência cometida contra os próprios estudantes.

No Brasil não foi diferente. O estudante Edson Luís de Lima Souto foi assassinado por policiais militares durante confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro. A morte de Edson, que completou 50 anos nesta quarta-feira, 28, desencadeou uma série de protestos contra a ditadura militar, levando multidões às ruas.

No livro 1968: O ano que não terminou, o jornalista e escritor Zuenir Ventura relatou os acontecimentos que marcaram o conturbado ano de 1968 no Brasil e no mundo. A obra, publicada originalmente em 1988, foi relançada neste ano pela Editora Objetiva, 30 anos depois de sua primeira edição.

Nesta quarta-feira, Zuenir Ventura falou sobre a morte de Edson Luís e o conturbado ano de 1968 em entrevista ao programa Universo Literário, da Rádio UFMG Educativa. O jornalista, que naquele ano trabalhava na Revista Visão, contou que foi testemunha do assassinato do estudante secundarista.

“Eu, por acaso, assisti à morte do Edson Luís. A sede da revista tinha uma janela que dava para o restaurante Calabouço. Ziraldo, Washington Novaes e eu, que éramos redatores, ouvimos um tiro, descemos os seis andares e chegamos lá, onde encontramos um estudante levando o colega já morto nos ombros”, relatou.

Segundo Zuenir, as manifestações lideradas pelos estudantes começaram no Brasil, com a grande repercussão gerada por essa morte; para ele, “um dos mistérios da história”.

“O enterro dele foi um fenômeno que o Rio de Janeiro, até então, não conhecia. A cidade parou. Mais de 50 mil pessoas acompanharam o sepultamento, entoando o coro ‘Mataram um estudante. E se fosse um filho seu?’. Até hoje eu fico arrepiado de ouvir isso. No dia 13 de junho, esse número dobrou, na lendária Passeata dos 100 mil”, disse.

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