Coberturas especiais

Escolas municipais de BH registram queda no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

Professor aposentado da UFMG Chico Soares falou ao programa Conexões sobre que é o Ideb e quais são as vantagens e limitações do índice

Impactos do ensino remoto consequente da pandemia também devem ser avaliados para novas políticas públicas.
Impactos do ensino remoto consequente da pandemia também devem ser avaliados para novas políticas públicas. Photo by Feliphe Schiarolli on Unsplash

As escolas municipais de Belo Horizonte registraram queda no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os números revelam que as escolas da cidade interromperam uma série histórica de crescimento. Os resultados das séries iniciais subiram de 2007 a 2017, chegando a 6,3. Mas, em 2019, a avaliação caiu para 6. O Ideb varia em uma escala de zero a dez e é um indicador que permite o monitoramento da qualidade da educação, tanto pelos gestores públicos, quanto pela população. É com base nesses resultados que são estabelecidas metas para a melhoria da educação. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta segunda-feira, 19, o professor emérito da UFMG José Francisco Soares, mais conhecido como Chico Soares, explicou que o Ideb foi criado para sintetizar, para o debate público, como está a situação da educação. No entanto, segundo o professor, é preciso estar ciente da limitação dessa forma de avaliação. 

"Isso porque o Ideb capta um resultado da presença no dia da prova, ou seja, ele pode não refletir um resultado verdadeiro. Outros problemas podem acontecer no percurso e perturbar essas conclusões extraídas dos dados, como a não publicação dos índices da aplicação em algumas escolas, como ocorreu em Belo Horizonte", situou. 

O professor Chico Soares frisou ainda que o direito à educação "é um direito básico, essencial, e não é contemplado apenas por uma média, como o Ideb." Por isso, por mais que o índice seja um padrão para políticas públicas, não deve ser a única coisa levada em conta na hora de desenvolver essas políticas educacionais.

Acerca dos impactos da pandemia na educação neste ano de 2020, o professor Chico Soares defendeu que volta às aulas não deve ser apenas uma retomada do ano escolar ou dos conteúdos, uma vez que os estudantes voltarão com mais dificuldades e com lapsos no aprendizado decorrentes do período de ensino remoto. 

“A gente foi jogado numa situação em que não estávamos preparados, e as consequências são as piores possíveis. Porque a sociedade brasileira, que é muito desigual, não mudou a restrição, pelo contrário, as diferenças se afirmam. Então, quem tem um atendimento familiar, e de internet, vai voltar numa situação melhor que os outros. A desigualdade, que já era grande, será maior ainda”, concluiu.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Produção: Arthur Bugre
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Hugo Rafael