Pesquisa e Inovação

Pandemia é analisada em coletânea-diário por grupo de pesquisa em comunicação da UFMG

Mais de 50 autores produziram relatos baseados no conceito de ‘acontecimento’ entre março e setembro de 2020

Publicação disponível online reúne mais de 130 textos
Publicação disponível online reúne mais de 130 textos Reprodução

A pandemia ainda não acabou, mas a forma como a encaramos atualmente mudou e os acontecimentos de um ano atrás, agora já distantes,  também se transformaram. Na tentativa de refletir sobre esse momento tão atípico, o Laboratório de Análise de Acontecimentos da UFMG, conhecido como GrisLab,  apresenta o livro Diário da Quarentena: a pandemia de Covid-19 como acontecimento. Entre março e setembro de 2020, os pesquisadores do GrisLab se dedicaram a fazer registros diários de suas vivências na pandemia. O resultado é uma coletânea de textos, que vão desde questões do cotidiano, como o BBB20 e as lives que dominaram o país, até o universo da política, como os conflitos no Ministério da Saúde e a pandemia no Brasil e em outros países.

O programa Noite Ilustrada desta quarta, 2, trouxe os detalhes sobre a obra em entrevista com a professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFMG, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade (GRIS) e uma das organizadoras do livro, Vera França. A professora contou que o diário cumpriu uma dupla função: continuar o trabalho do grupo de pesquisa, analisando o acontecimento e seus desdobramentos, e terapêutica, por promover encontros semanais entre os pesquisadores, mesmo que de maneira virtual.

Na conversa, França explicou o conceito de “acontecimento” baseado na perspectiva do pensador francês Louis Quéré, orientado pela filosofia pragmatista, que guiou a obra. Outro assunto abordado pela docente foi a experiência que ela e os outros pesquisadores tiveram de reler os textos um ano depois de escritos para o momento da publicação. Segundo Vera França, ficou evidenciada a pertinência das análises, mas, ao mesmo tempo, veio um sentimento de surpresa negativa, pois o número de 100 mil mortos por covid-19 aterrorizava os acadêmicos em agosto de 2020, quando resolveram concluir o diário, e o quadro só viria a piorar até maio passado, mês de lançamento da publicação.

Sobre as particularidades do material, a professora descreveu como as análises foram feitas e reunidas. “Em pequenas pílulas, a gente tinha traçado um retrato rico desse momento que estávamos vivendo. Expressava as angústias, nossa esperança, às vezes o nosso desalento, o desejo de políticas que resolvessem a situação, o  desencanto, também, com a falta dessas políticas, enfim, a gente se deu conta que tinha em mãos um material muito rico que seria interessante aproveitar e publicar de alguma forma que possibilitasse uma divulgação para além dos nossos espaços acadêmicos”, afirmou.

Permeada de emoções, a obra traz um certo otimismo, de acordo com Vera França, pela expectativa de que a pandemia poderia ajudar a tornar o mundo um lugar melhor, por ter mostrado que a solidariedade é inevitável. A pesquisadora ainda lembrou que o livro serve como base para os alunos de comunicação e é também considerado um registro histórico da pandemia pela qual todos estão passando, sendo, assim, direcionada ao público em geral. Diário da Quarentena: a pandemia de Covid-19 como acontecimento foi publicado pelo Selo PPGCOM/UFMG e está disponível gratuitamente pelo site do Programa.

Produção: Maron Filho, Carlos Ortega e Alexandre Miranda, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas