Papel da cultura como propulsora do desenvolvimento é abordado em mesa-redonda
Na mesa-redonda Cultura, política e desenvolvimento econômico no Brasil, pesquisadores e gestores abordaram, na manhã de hoje, 2 de setembro, o potencial gerador de riquezas das atividades culturais.
A economista Andrea Mattos, que atua na Superintendência de Museus e Artes Visuais (Sumav), descreveu a atuação do órgão nas cidades onde são fomentadas atividades museológicas. Segundo ela, as comunidades contempladas experimentam considerável desenvolvimento imobiliário, turístico e comercial.
Andrea Mattos citou o caso de Cordisburgo, a 115 quilômetros de Belo Horizonte, que abriga o Museu Casa Guimarães Rosa – o município é a terra do escritor mineiro. “Em 2015, o museu registrou mais de 27 mil visitas, o que corresponde ao triplo da população da cidade”, sublinhou.
Só no ano passado, acrescentou a gestora, a 28ª edição da Semana Roseana, evento cultural sediado no Museu, teve público superior a 6,7 mil pessoas. “O total de investimento concedido pelos governos municipal e estadual foi de R$ 40 mil. Foram aplicados, portanto, apenas R$ 5,96 por visitante, o que sinaliza que houve significativo retorno financeiro”, argumentou.
A Sumav é responsável pela gestão de sete museus em Belo Horizonte, Mariana, Ouro Preto e Juiz de Fora, além de Cordisburgo. Entre as ações desenvolvidas no âmbito da instituição, Andréa enumerou exposições, seminários, exibição de filmes, semanas culturais, oficinas, encontros regionais e estaduais.
Interação e conectividade
As consequências do advento das tecnologias digitais no contexto da produção artística foi o aspecto evidenciado pela pesquisadora em economia da cultura Ana Flávia Machado. Segundo ela, que é professora da Face e atualmente dirige o Espaço do Conhecimento UFMG, as inovações trazem um movimento que inclui auto-organização, compartilhamento, elevada interação e conectividade.
“Hoje, é simples o processo de compartilhar a produção e gerar alternativas para financiamento de produtos culturais e obter o feedback dos usuários”, argumentou.
Ana Flávia salientou que, em decorrência do uso das plataformas digitais, artistas, produtores e designers ganharam autonomia para organizar fornecedores e reduzir custos – intensificando, assim, as atividades. O pleno entendimento dessa conjuntura, segundo ela, é essencial para as diretrizes do Sistema Nacional de Cultura, mecanismo de gestão e promoção de políticas públicas.