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Paulo Beirão recebe o título de professor emérito da UFMG

Outorga será formalizada em cerimônia nesta quarta; pesquisador tem forte atuação em defesa da universidade pública e do fomento à ciência.

Paulo Beirão cumprirá mandato de três anos à frente da Fapemig
Paulo Beirão: colaboração contínua com a Universidade Arquivo Fapemig

O cientista Paulo Sérgio Lacerda Beirão receberá o título de professor emérito da UFMG em cerimônia conduzida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida nesta quarta-feira, 12 de junho, às 18h, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha. 

Docente titular aposentado do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Beirão foi pró-reitor de Pesquisa da UFMG (1998-2002), responsável pela criação do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) e pelo projeto do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). “O título de professor emérito é uma enorme honraria, e entendo que contém também um delicado convite para continuar colaborando com a Universidade, o que aceito de bom grado”, declara.

Beirão foi presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) de 2020 a 2023, ano em que recebeu a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, que reconhece personalidades, pesquisadores e outros agentes que se distinguem por suas relevantes contribuições prestadas à ciência e à tecnologia. Em março de 2024, foi eleito imortal da Academia Mineira de Letras e passou a ocupar a cadeira número 34 da instituição, representando a linha de acadêmicos dedicados à carreira científica. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 2004 e atuou como conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outros órgãos.

“O professor Beirão tem uma história de importância indiscutível para a ciência na UFMG, em Minas Gerais e no Brasil. Sem dúvida, sua maior contribuição tem sido no sentido de fomentar a área, de apoiar, inovar e se dedicar integralmente para garantir um cenário científico nacional de relevância. Sempre lutou pela garantia de recursos financeiros e pelo apoio governamental”, afirma o professor Ricardo Gonçalves, diretor do ICB. Ele ressalta que, mesmo ocupando cargos de expressão fora da Universidade, Beirão nunca perdeu o vínculo com a instituição e com a unidade, onde integra atualmente o comitê gestor do mestrado profissional em ensino de biologia (ProfBio). 

Educação para a cidadania
O professor Jader Cruz, do Departamento de Bioquímica e Imunologia, responsável pela indicação de Beirão para o título de emérito, destaca a atuação dele em defesa da universidade pública e do ensino de qualidade. “Antes de tudo, trata-se de um educador, de uma pessoa que sempre se preocupou com a formação de estudantes da graduação, da pós-graduação. Ele também desempenha um papel muito relevante na educação para a cidadania, para a formação de cidadãos”, completa Cruz.

O colega lembra que Beirão sempre promoveu a aproximação entre a comunidade científica e universitária e a sociedade, por meio de projetos de extensão. “Ele foi o idealizador do projeto UFMG & Escolas, voltado para estudantes do ensino médio, preferencialmente do ensino público e das periferias, e também para professores de biologia, de física, de química, que vêm para a Universidade e passam duas semanas fazendo experimentos científicos”, descreve.

Aranha armadeira: pesquisa envolvendo o aracnídeo resultou no potencial fármaco
Paulo Beirão é referência em estudos sobre os mecanismos de ação do veneno da aranha armadeira.Foto: Rodrigo Tetsuo Argenton | CC BY-SA 4.0

Estudos transdisciplinares
Beirão teve papel decisivo na criação BH-TEC, concretizada em 2012, como reforça o CEO do parque tecnológico, Marco Crocco. “Foi ele que patrocinou a ideia e deu todo o suporte institucional na posição em que estava, enquanto pró-reitor de pesquisa, para que o plano prosperasse”, lembra, acrescentando que  mais tarde, como conselheiro de administração, Beirão contribuiu para a consolidação do ecossistema de inovação enquanto tal, a partir de 2019. 

Como pró-reitor, na gestão do professor Francisco César de Sá Barreto, Beirão ainda presidiu a comissão responsável pela criação do Ieat. “É graças ao empenho, à competência do professor Beirão e ao seu apreço pelo Ieat, que há 25 anos o instituto tem sido um importante agente catalisador dentro da UFMG, apoiando a pesquisa transdisciplinar e contribuindo para a disseminação de novas ideias e metodologias, na busca por soluções justas e sustentáveis para os desafios contemporâneos”, declara Aretusa Duarte, chefe da secretaria executiva e autora de uma dissertação de mestrado sobre a história do instituto.

Como pesquisador, Beirão foi um dos pioneiros no estudo da eletrofisiologia celular no país e de mecanismos de ação de neurotoxinas animais – substâncias venenosas que agem principalmente no cérebro e nos nervos periféricos –, em especial da aranha Phoneutria nigriventer, conhecida como armadeira. Também foi um dos primeiros a adotar a técnica de patch clamp, importante para elucidar como essas neurotoxinas causam a dor.

Alessandra Ribeiro