Pesquisa e Inovação

Pesquisa investiga efeitos do perfeccionismo na relação entre pacientes e terapeutas

Pessoas de 18 a 60 anos que estejam em processo de tratamento podem responder a questionário on-line formulado por mestranda da Psicologia

Perfeccionistas podem ter maior dificuldade para buscar terapia
Perfeccionistas podem ter maior dificuldade para buscar terapiasFoto: Pexels | Shvets Production

Como o perfeccionismo interfere na relação de colaboração e de confiança construída entre pacientes de psicoterapia e terapeutas? A pergunta orienta uma pesquisa em andamento no Programa de Pós-graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento da UFMG, em fase de coleta de dados por meio de questionário on-line, disponível para acesso até o dia 17 de julho. O público-alvo do estudo são pessoas com idade de 18 a 60 anos que estejam envolvidas em algum processo terapêutico.

O perfeccionismo é entendido como a tendência a estabelecer metas e padrões de desempenho muito altos e rígidos, perseguidos mesmo que causem problemas para a própria pessoa ou para outras à sua volta. Os perfeccionistas podem nunca estar satisfeitos com seu desempenho, buscam sempre mais, tendem a querer os melhores resultados nos estudos, no trabalho ou no esporte, por exemplo, e nunca consideram aquilo que fazem bom o suficiente.

“A experiência de uma pessoa perfeccionista é cercada de pensamentos extremamente autocríticos ou críticos com os outros, e de emoções intensas de vergonha, culpa e ansiedade, na maior parte dos casos. Tudo isso pode trazer impactos bastante negativos para a própria pessoa e para suas relações. Abordamos a questão das relações na nossa pesquisa, focando no vínculo com o terapeuta”, explica a autora da pesquisa, Marina Goulart de Oliveira Leite, mestranda do Programa, sob orientação da professora Marcela Mansur-Alves.

Hipóteses
Com base em outros estudos da área, uma das hipóteses da pesquisa é a de que pessoas perfeccionistas tenham mais dificuldades para buscar terapias, aderir a tratamentos e para se beneficiar das intervenções terapêuticas. A ideia é observar, ainda, a relação entre perfeccionismo e transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse e possíveis impactos nas relações sociais – românticas, de amizade, familiares, profissionais e com profissionais de saúde, incluindo os psicólogos. 

O questionário abrange perguntas sobre situação socioeconômica e histórico clínico do respondente (que terá o nome mantido em sigilo), além de escalas que permitem avaliar os níveis de traços perfeccionistas e a relação com o terapeuta, a percepção de suporte social, entre outros fatores. A duração média de preenchimento é de 20 a 30 minutos, e, ao final, será liberado o acesso a um e-book sobre impactos negativos de elevados níveis de perfeccionismo nas relações interpessoais, especialmente nas relações românticas. Os resultados serão compartilhados com o participante, caso seja do seu interesse.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG.