Pesquisa e Inovação

Pesquisa do ICB investiga transmissão da esquistossomose por roedores

Trabalho reconhecido com menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2023 é tema do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Roedores capturados no Maranhão, mantidos em laboratório
Roedores capturados no Maranhão, mantidos em laboratório Foto: Acervo do autor

A esquistossomose, também conhecida popularmente como xistose ou barriga d’água, é considerada uma doença negligenciada, porque alcança principalmente populações pobres e atrai pouco investimento em pesquisas para a produção de medicamentos e seu controle. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, 1,5 milhão de brasileiros vivem em áreas sob o risco de contrair a enfermidade. A infecção se dá por meio do contato com água contaminada, em que há a presença de caramujos infectados pelo parasito Schistosoma mansoni

O biólogo Guilherme Miranda, que concluiu o doutorado no Programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, investigou outros possíveis hospedeiros do Schistosoma mansoni. O foco da pesquisa foi uma linhagem do parasito que infecta roedores silvestres encontrados em áreas de pesca no estado do Maranhão, uma das regiões endêmicas. 

A comparação entre a linhagem encontrada nos roedores silvestres e a linhagem clássica do parasito, que infecta humanos, foi feita a partir do sequenciamento genético, que consiste na leitura dos códigos de DNA. Com base nessa comparação, foram identificadas semelhanças com linhagens encontradas em outras partes do mundo.

A inovação trazida pelo estudo rendeu ao pesquisador menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2023, promovido pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na área de Ciências Biológicas II. O trabalho foi orientado pela professora Deborah Aparecida Negrão-Corrêa, do Departamento de Parasitologia do ICB, e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão (Fapema). 

Próximos passos
Para comprovar a hipótese de que os roedores podem transmitir a esquistossomose para humanos, a continuidade da pesquisa requer a coleta de novos vermes e ovos encontrados nas fezes dos roedores silvestres naturalmente infectados, para nova avaliação genética e comparação com as linhagens do Schistosoma mansoni que infectam humanos na região, desta vez sem usar modelos experimentais de laboratório.

Uma das preocupações dos pesquisadores é que roedores silvestres sucessivamente infectados com os parasitos possam favorecer a seleção de novas linhagens de Schistosoma mansoni, com impactos na gravidade, na transmissão e no controle da esquistossomose ainda desconhecidos. 

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:

Guilherme Miranda investigou possibilidade de transmissão da esquistossomose por roedores
Miranda investigou transmissão da esquistossomose por roedores Foto: acervo pessoal

Raio-x da Pesquisa:

Título: Caracterização morfológica, genética, parasitológica e imunopatológica de um isolado de Schistosoma mansoni obtido do roedor silvestre Holochilus sciureus

O que é: Tese de doutorado que apresenta investigação sobre a possibilidade de transmissão da esquistossomose por roedores. O foco da pesquisa foi uma linhagem do parasito Schistosoma mansoni que infecta roedores silvestres encontrados em áreas de pesca no estado do Maranhão.

Programa de Pós-graduação: Parasitologia 

Autor: Guilherme Silva Miranda

Orientadora: Deborah Aparecida Negrão-Corrêa

O episódio 171 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade.

O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em aplicativos de podcast, como o Spotify.