Pesquisa e Inovação

Pós-graduação em Matemática terá defesa de sua 200ª tese nesta semana

Trabalho é de autoria da pesquisadora Maralice Assis de Oliveira, licenciada e mestra pela UFMG

Primeira tese do PPGMAT foi defendida há 21 anos, em 2002
Primeira tese do PPGMAT foi defendida há 21 anos, em 2002 Imagem: Elchinator | Pixabay

No ano em que celebra a nota máxima obtida na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela primeira vez em seus 52 anos de história, o Programa de Pós-graduação em Matemática (PPGMAT) da UFMG comemora outra relevante marca: nesta quinta-feira, 29 de junho, a formação terá a defesa de sua 200ª tese de doutorado. A defesa será feita a partir das 13h, na sala 3060 do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG, campus Pampulha.

Com o título Crescimento polinomial da sequência de codimensões de álgebras com involução grupo-graduada, o trabalho é de autoria da pesquisadora Maralice Assis de Oliveira, que contou com a orientação de Ana Cristina Vieira e a coorientação de Rafael Bezerra dos Santos, ambos docentes do Departamento de Matemática do ICEx.

Licenciada em matemática pela UFMG, onde também concluiu seu mestrado, Maralice Oliveira, 28 anos, destaca a importância da participação, ainda na graduação, no Programa de Iniciação Científica e Mestrado (Picme), ofertado pelo Departamento de Matemática. 

“Esse programa incentiva os alunos a participar de iniciações científicas, e, por meio dele, eu pude cursar muitas matérias do bacharelado. Todo esse processo fez se abrirem novas possibilidades na minha mente, entre as quais, a de seguir carreira acadêmica e estudar matemática pura, coisas que fizeram com que eu me apaixonasse pela pesquisa em matemática”, rememora. 

Maralice Oliveira conta também que tem uma relação especial com a UFMG. “Eu escolhi permanecer na UFMG, tanto no mestrado quanto no doutorado. Foi algo que eu quis muito, porque sou encantada pela Universidade, e não poderia ser diferente no meu caso", afirma. 

Exemplo
"Eu ingressei no PPGMAT para o mestrado, na área de álgebra, quando fui orientada pela professora Ana Cristina, que também é minha orientadora no doutorado e tem um papel fundamental em toda a minha formação como matemática e como pessoa. A Ana me ensinou muito e é meu maior exemplo de mulher na matemática. Tenho certeza que não teria chegado até aqui sem o suporte dela durante todos esses anos”, continua.

A professora Ana Cristina Vieira também demonstra satisfação em participar desse momento histórico da pós-graduação em Matemática da UFMG e enfatiza a relevância de a 200ª tese ser defendida por uma mulher pesquisadora. “Estou muito feliz por poder contribuir na formação de mais uma doutora em álgebra. Na área de matemática, é evidente a pouca representatividade feminina, e o fato de esta ser a defesa de mais uma mulher é motivo de comemoração, sem falar no significado marcante da evolução notória do Programa”. “O trabalho de orientação com Maralice foi muito gratificante, pela dedicação e competência dela, e também por poder contar com a colaboração de Rafael dos Santos, que foi seu coorientador”, completa a docente.

Desafios na formação

Maralice, em apresentação no Colóquio Brasileiro de Matemática
Maralice Oliveira, em apresentação no Colóquio Brasileiro de Matemática Foto: Acervo pessoal

Casada e mãe de um bebê de um ano e dois meses, Maralice Oliveira demonstra a alegria de entrar para a história do Programa, com a defesa de tese de número 200. Ela lembra que a trajetória de pesquisa em matemática, que já ultrapassa os 10 anos, foi atravessada pela pandemia da covid-19 e também pela maternidade. 

“Olhar para toda essa trajetória de mais de 10 anos de estudos, contando graduação, mestrado e doutorado, e perceber que faço parte dessa história faz sentir que valeu a pena cada passo dado, cada dia, cada esforço, cada prova, cada sofrimento, cada luta. Realmente é algo muito emocionante e significativo: foram quatro anos e meio muito marcantes: eu engravidei e tive um bebê no meio do doutorado, o que para muitos parece loucura. Ter o meu bebê em pleno doutorado, em meio a uma pandemia que estava deixando a maioria de nós muito tristes e empacados na pesquisa, foi como uma pequena luz. A chegada do bebê me amadureceu muito, me fez ser uma pessoa menos ansiosa e fez todo o processo, toda essa luta do doutorado ser muito mais significativa”, finaliza.

Evolução do PPGMAT
Criado em 1971, o Programa de Pós-graduação em Matemática da UFMG foi promovido, recentemente, à nota 7 (conceito máximo) na avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação (PPGs) realizada pela Capes. O resultado foi divulgado em dezembro do ano passado. 

Contando de início apenas com o curso de mestrado, o PPGMAT oferta, desde 2000, o curso de doutorado. A primeira tese foi defendida em 2002, pelo professor Francisco Dutenhefner, reconduzido neste mês à direção do ICEx, cargo que ocupa desde junho de 2019. Coordenador do PPGMAT, o professor Luiz Gustavo Farah destaca a satisfação de estar à frente da condução do Programa, no momento em que ele celebra mais uma importante marca. Para ele, chegar à 200ª tese defendida no momento em que o PPGMAT alcançou a nota máxima na avaliação da Capes demonstra a importância do “trabalho coletivo feito pelos docentes e discentes ao longo das últimas décadas”.

Compromisso com a formação
O marco de 200 teses defendidas ocorre apenas seis anos após a defesa da centésima tese, que ocorreu em novembro de 2017. “O PPGMAT iniciou suas atividades em 1971, com o curso de mestrado, mas o nível doutorado foi aprovado somente quase 30 anos depois. A primeira tese de doutorado foi defendida em 2002, e a centésima em 2017, um intervalo de 15 anos. Agora, passados praticamente seis anos, chegamos a ducentésima defesa, reforçando a evolução do programa, agraciado com a nota máxima da Capes, e o nosso comprometimento com a formação de recursos humanos de qualidade para o país”, afirma Luiz Farah.

A banca examinadora da defesa de Maralice Oliveira será formada pela orientadora Ana Cristina Vieira, pelo coorientador Rafael Bezerra dos Santos e pelos professores Antonio Ioppolo (Universidade de L'Aquila, Itália), Felipe Yukihide Yasumura (USP), Manuela da Silva Souza (UFBA) e Viviane Ribeiro Tomaz da Silva (UFMG).

Hugo Rafael