Enem

Primeira professora surda da UFMG comemora tema da redação do Enem

Para Michelle Murta, sociedade trata os surdos como "seres invisíveis"

Michelle Murta, primeira professora surda efetivada na UFMG
Michelle Murta: ânimo para lutaArquivo Pessoal / Facebook

A professora Michelle Murta, primeira surda efetivada como docente na UFMG, na Faculdade de Letras (Fale), comemorou a escolha do tema da redação do Enem 2017, Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil. Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, feita por meio do aplicativo WhatsApp, ela disse acreditar que “os surdos ainda têm chance em uma sociedade que os trata como seres invisíveis”. 

Ela prevê que muitos candidatos responderão à questão de forma equivocada, mas considera um avanço importante que o tema esteja na ordem do dia. “Quantos jovens hoje pararam para pensar um pouco sobre os surdos?”, questionou. “Isso me satisfaz e me anima a lutar mais e mais”, completou.

Para Adriana Pagano, também professora da Fale e integrante do Laboratório Experimental de Tradução para Cegos e Surdos, ao propor uma dissertação sobre o tema, o Enem joga luz sobre uma questão fundamental. "Como nós sabemos, a redação não é só um exercício de prova, ela gera uma série de reflexões. Trata-se, portanto, de um tópico muito importante, joga o holofote numa necessidade muito presente”, afirmou.

Na avaliação da professora Regiane Lucas, do Departamento de Comunicação Social da UFMG, que investiga a acessibilidade e as vulnerabilidades no grupo de pesquisa Afetos, houve pouca margem para o desrespeito aos direitos humanos – apesar  da disputa judicial envolvendo o assunto nos dias que antecederam a aplicação da prova. “A inclusão é um tema debatido na sociedade, não há dúvidas de que, para ser mais humana, uma sociedade precisa promover a inclusão. Portanto, é um tema que gera poucas polêmicas”, disse.

Ouça a reportagem de Pablo Nogueira