Pesquisa e Inovação

Professora da Fafich produz aula-show sobre a ditadura como projeto de história pública

Atividade que abriu fórum da Cátedra Unesco-UFMG está disponível no YouTube

Miriam Hermeto (no centro),
Miriam Hermeto (voz), Analu Braga (percussão) e Camila Menezes (violão) na última aula-show presencial realizada em 6 de março, no auditório Sônia Viegas, na FafichLuana Campos Akinruli

Está disponível no canal do YouTube da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) a aula show Ditadura militar brasileira: a esperança dança entre os seus destinos sombrios, que deu início, no mês passado, às atividades do Fórum da Cátedra Unesco-UFMG/DRI – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes.

“Essa aula-show é uma interpretação historiográfica sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985) e seus destinos históricos. Nossa narrativa combina os estudos da historiografia sobre o tema, tensionados com a memória social, em uma leitura audiovisual”, explica a professora Miriam Hermeto de Sá Motta, do Departamento de História da Fafich, que concebeu e ministrou a aula.

Segundo ela, na aula, “o rearranjo das canções populares em blocos temáticos e pot-pourris compõe uma nova narrativa musical, assim como as imagens e o texto formam uma nova narrativa audiovisual”.

A aula contou com a participação de Mateus Pereira, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), também envolvido na concepção do projeto, de Analu Braga (percussão), Camila Menezes (violão, edição e mixagem de áudio) e de Rúbia Dias, que também é historiadora, na produção e edição de vídeo.

Novos públicos
Inspirada nas aulas-shows de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski, Miriam Hermeto trabalha com esse formato desde 2007. Nos primórdios do projeto, ela teve como parceiro o cantor e jornalista Ricardo Frei, que foi seu colega na pós-graduação em História. Nas atividades, a professora já tratou de temas como memória, meio ambiente, luta pela terra no Brasil e o ano de 1968. “Essa aula sobre ditadura foi concebida em 2017, em razão de uma demanda dos estudantes do curso de História da UFMG, com foco no Encontro de Pesquisa em História (Ephis)”, ela explica.

De lá para cá, a aula já foi apresentada oito vezes em diferentes locais do país, para diferentes públicos. E, em breve, o projeto será formalizado como uma atividade de extensão na UFMG. Segundo Miriam, está em andamento a produção de uma aula-show sobre gênero, a estrear em breve.

A professora diz conceber a aula-show como um projeto de "história pública”. “Vivemos no Brasil um momento em que se pretende pensar e ampliar as possibilidades de relação entre a história e os seus públicos. Nesse sentido, é uma aula que visa alcançar públicos diferentes, pessoas que não leem muitos textos de história, mas que se dispõem mais facilmente a assistir a uma aula-show. Além disso, pretendemos atingir o próprio público mais familiarizado com a abordagem historiográfica, só que de outra forma, em outras dimensões sensíveis”, explica a historiadora.

Aula-show deu origem à campanha #ditaduranuncamais
Aula-show deu origem à campanha #ditaduranuncamais Luana Campos Akinruli

Globalização das Luzes
Em atividade desde setembro de 2019, a Cátedra Unesco-UFMG – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes, de caráter transdisciplinar, promove o desenvolvimento de pesquisas e de atividades de ensino (da graduação à pós-graduação) e de extensão, envolvendo intercâmbios entre diversas instituições universitárias ou de pesquisa, de vários países, com foco no desenvolvimento global sustentável, no que diz respeito à diversidade cultural e à sustentação da paz no planeta. Seu objeto são as Luzes, ou o Iluminismo, movimento que ganhou força no curso do século 18 na Europa, prolongando-se posteriormente para as Américas. A cátedra é coordenada pelo professor Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História.

“As Luzes definem-se por uma atitude de pensamento, que preza a autonomia intelectual e que refuta todo e qualquer princípio que não se justifique racional e/ou empiricamente. Sua unidade também se define pelo enfoque de um conjunto frequente de problemas, muito mais do que pela defesa de alguns princípios comuns”, informa a coordenação da cátedra em texto de apresentação. Assim, seu objetivo se realiza como a valorização da humanidade e das humanidades, seja como campo disciplinar, seja como princípio universal, diante do atual quadro mundial de ameaça às conquistas e valores iluministas.

“Vive-se hoje sob inúmeros tipos de opressão e perigos, que representam a negação da autonomia e dos princípios mais frequentemente preconizados pelas Luzes. De fato, o mundo vive sob diferentes formas de intolerância, de desigualdades e de preconceitos (nacionais, políticos, culturais, religiosos, linguísticos, sexuais e de gênero). Nesse contexto, as Luzes dão inestimáveis contribuições graças à sua audácia de tudo questionar, valendo-se da razão, da observação, da experimentação e, ainda, sem recusar as paixões humanas e sempre confiando no Homem como construtor de seu próprio futuro", prossegue a coordenação da cátedra.

O Fórum da Cátedra Unesco-UFMG segue com uma série de atividades até janeiro, com o tema geral Saúde, bem-estar social e direitos humanos: desafios contemporâneos na perspectiva das luzes, com apresentações no canal do YouTube da Diretoria de Relações Internacionais (DRI). A programação de atividades do Fórum está disponível na página da DRI.

Ewerton Martins Ribeiro