Ensino

Professora da UFMG recebe prêmio no Canadá por projeto de formação em enfermagem obstétrica

Kleyde Ventura (junto da bandeira): índices alarmantes de cesarianas e necessidade de respeito à mulher
Kleyde Ventura (junto da bandeira): índices alarmantes de cesarianas e necessidade de respeito à mulher Acervo pessoal

A professora Kleyde Ventura de Souza, da Escola de Enfermagem, recebeu ontem (terça, 20), em Toronto, Canadá, o Educational Awards 2016, da International Confederation of Midwives (ICM), pela proposta do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica (CEEO) – Rede Cegonha, que ela coordena. O prêmio foi entregue durante a 31ª edição do Congresso Trienal do ICM.

Financiado pelo Ministério da Saúde, o curso oferece 300 vagas por ano para enfermeiras e enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) e reúne 20 universidades federais de todas as regiões do Brasil, sob coordenação da UFMG.

Kleyde Ventura, que preside a Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica (Abenfo), destacou que o prêmio possibilita o desenvolvimento de proposta para o apoio e a qualificação de programas de formação em enfermagem obstétrica no Brasil. “Espera-se produzir conhecimento a partir dessa experiência de capacitação de enfermeiras e enfermeiros obstétricos, que tem como referencial a formação-intervenção, e as competências para o exercício da obstetrícia, proposta pela ICM como um dos seus pilares transversais”, disse a professora, ressaltando a participação da comunidade da Escola de Enfermagem, a parceria com as universidades que compõem a rede e o apoio do Ministério da Saúde.

Cesarianas muito além do recomendado

Kleyde Ventura ressaltou que os índices alarmantes de cesarianas do Brasil, que são os maiores do mundo e superam largamente a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), apontam para a necessidade de que se trate o processo do parto e do nascimento considerando o contexto social, cultural, humano e de gênero e respeitando a mulher e a fisiologia do parto. “Os profissionais de saúde, em geral, e de enfermagem, em particular, precisam acolher as mulheres, buscando compreender os múltiplos significados da gestação, do parto e do nascimento. Pela natureza da sua formação pautada no cuidar, os profissionais de enfermagem têm potencialidades para atuar nesse processo”, enfatizou.

Ainda de acordo com a professora, a formação de enfermeiras obstétricas para assistência à mulher no ciclo grávido-puerperal e ao recém-nascido no período neonatal tem sido foco de políticas governamentais nos últimos anos, aproveitando a experiência de países industrializados, onde obstetrizes e enfermeiras obstétricas são as provedoras da atenção primária à saúde de mulheres saudáveis durante o parto.

Kleyde Ventura lembrou que, ao criar a Estratégia Rede Cegonha, em 2011, o Ministério da Saúde voltou a incentivar a formação de enfermeiras no Brasil. “Uma das estratégias de formação é baseada na realização de Cursos de Especialização em Enfermagem Obstétrica, agora em sua segunda versão. Trata-se de projeto comprometido com a qualificação de enfermeiras para atuação no SUS e a mudança do atual modelo assistencial”, disse a professora.

(Com Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem)

Com Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem