Rock nacional foi a voz política da geração 80
Tese de doutorado analisou a relação entre a criação musical das bandas brasileiras e os anseios de liberdade da juventude da época
No início dos anos 80, o rock brasileiro atingiu o topo das paradas de sucesso e influenciou uma geração de jovens com músicas que discutiam, entre outras coisas, o contexto brasileiro marcado pela transição da ditadura para a democracia. Bandas como Legião Urbana, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Blitz, Titãs, Kid Abelha e Ultraje a Rigor contribuíram para o debate político.
Em tese de doutorado defendida no mês passado, o pesquisador Bruno Viveiros, do Departamento de História da UFMG, analisou a linguagem musical criada pelo rock nacional, entre 1982 e 1989, e sua relação com princípios e valores próprios da esfera do mundo público, como comunidade, liberdade, ação política e democracia.
De acordo com Viveiros, o cenário político brasileiro nos anos 1980 é marcado pela “década perdida” na economia, pela abertura política e pela redemocratização após 20 anos de ditadura militar. Nesse contexto, o rock se transforma em porta-voz de grupos, em especial de jovens, que lutavam por democracia e liberdade na nascente Nova República.
Segundo o pesquisador, os jovens dos anos 80 nasceram durante a ditadura militar, num momento de muita repressão, censura e da ausência do voto direto para presidente. Havia, portanto, a expectativa de que eles se transformassem em seres “apolíticos” e “alienados”, o que não ocorreu, em boa medida, graças ao rock que atuou como catalisador dos anseios daquela geração.
Assista à análise de Bruno Viveiros em vídeo produzido pela TV UFMG:
Produção e reportagem: Frederico Gandra
Imagens: Antônio Soares
Edição de imagens: Kennedy Sena
Edição de conteúdo: Pablo Nogueira