Seminário em Montes Claros abordará a luta de povos tradicionais por terras
Pesquisa sobre movimento Geraizeiros será apresentada em evento que integra programa de disciplina de pós-graduação
O movimento Geraizeiros do Vale das Cancelas, de populações tradicionais rurais do norte de Minas que lutam pela posse de terras privadas conquistadas ilegalmente, será o tema do seminário Ecologia política, conflitos ambientais e povos tradicionais, que será realizado nesta terça, 18, a partir das 14h, na sala 204, prédio 7 da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O evento é organizado pelo Programa de Pós-graduação em Sociedade, Ambiente e Território, vinculado à Unimontes e à UFMG.
Gabriel Costa Ribeiro, cientista socioambiental formado pela UFMG e mestre pelo Programa, mostrará parte dos resultados de suas pesquisas sobre o Geraizeiros. Ele explica que o movimento ganhou força na luta contra o projeto Vale do Rio Pardo, que consistia na exploração minerária da região e previa a construção de um mineroduto com quase 500 quilômetros, que cortaria 21 municípios de Minas Gerais e Bahia. Ribeiro salienta que, nos laudos da mineradora, não constava a existência daquela população e, após muitos atos de resistência, foi reconhecida a falta de informações e de um plano de negociação fundiária capaz de atender minimamente essas comunidades. Em 2016, o pedido de licença para início das atividades foi negado.
Ribeiro diz que espera, com base em sua experiência, contribuir para a formação da nova turma do programa de pós-graduação, "com pesquisadores engajados nos temas das desigualdades sociais, da degradação ambiental e das injustiças sociais como efeito da apropriação capitalista dos espaços”. O pesquisador integra o Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta) e o Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar Justino Obers (NPPJ), ambos da UFMG.
O evento integra o programa de uma das disciplinas ofertadas na formação, que prevê a realização de 11 seminários.
Posse ilegal
De acordo com reportagem realizada pela equipe da ONG Repórter Brasil, no início da República, a elite local, usando seu poder para falsificar documentos, começou a se apossar de terras devolutas. As comunidades que viviam nessas terras livres, também conhecidas como terras das Gerais, viram-se cerceadas em seus direitos e expulsas de suas casas. Atualmente, há vários processos referentes à divisão e à demarcação desses espaços, e o movimento ganhou notoriedade no embate com as mineradoras.