Pesquisador da UFMG desenvolve software que pode ajudar no combate a incêndios florestais
Tecnologia desenvolvida por Ubirajara Oliveira, do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, permite visualizar áreas com maior risco
Neste ano, o Pantanal passou pelo setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na época de surgimento do Instituto, em 1998, foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias. Em 2007, setembro teve 5.498 registros, e, neste ano, foram registrados 8.106 focos.
Não é só o Pantanal que tem sofrido com as chamas em 2020. Desde o dia 2 de outubro, um incêndio está consumindo a vegetação do Parque Estadual do Itacolomi, em Minas Gerais. Criado oficialmente em 1967, o espaço, cujo bioma é de Mata Atlântica, abrange os municípios de Ouro Preto e Mariana e tem uma área de 7.543 hectares. Até dia 4, o Corpo de Bombeiros divulgou balanço dos incêndios em Minas Gerais. Na Grande Belo Horizonte, foram 58 chamadas e, no interior do Estado, 142. A corporação está atuando em quatro frentes específicas no combate às chamas que atingem, há oito dias, o Parque Nacional da Serra do Cipó. A maior das frentes, segundo os bombeiros, é na Serra de Confins.
De acordo com informações registradas pelo Programa Queimadas, do Inpe, de 1º de janeiro a 12 de setembro, o órgão contabilizou 125.031 queimadas no país, o maior registro para o período desde 2010, quando 182.170 focos de calor foram mapeados no mesmo intervalo.
Em entrevista ao programa Conexões, nesta quinta-feira, 8, o professor e pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG Ubirajara Oliveira esclareceu que o fogo surge a partir de um tipo de ignição, que pode ser natural ou artificial. Os focos de incêndio por incidência natural só podem ocorrer por queimadas após a queda de raios. Porém, a ocorrência de raios normalmente vem sucedida de chuvas, apagando, assim, os focos. Dessa forma, segundo ele, o que ocorre na maioria dos casos são os incêndios criminosos, principalmente em períodos secos.
Algumas das possíveis causas desses incêndios por ação antrópica são os incêndios acidentais, quando o fogo colocado em um terreno ou pasto perde o controle. Há ainda os incêndios intencionais, que podem ter como mote uma certa forma de vingança ou até mesmo a destruição de paisagens naturais para posterior grilagem. Ubirajara também explicou que as mudanças climáticas e o clima seco, somados à falta de planejamento e políticas públicas, agravam a situação e o aumento dos registros.
Na entrevista, o pesquisador também falou sobre o funcionamento de um software que pode ajudar no combate aos incêndios florestais. A tecnologia prevê um modelo de espalhamento do fogo, que permite estimar o comportamento das chamas. Isso permite um combate mais efetivo das brigadas.
Produção: Arthur Bugre
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Hugo Rafael