Internacional

UFMG integra projetos de pesquisa internacionais selecionados por rede de universidades

Iniciativas investigam alternativas de atendimento médico a distância e saúde sexual e reprodutiva de adolescentes em países de baixa e média renda

Centro de Telessaúde: UFMG tem trajetória longa e consistente no atendimento a distância
Centro de Telessaúde: UFMG tem trajetória longa e consistente no atendimento a distância Acervo HC-UFMG

A UFMG integra dois projetos de pesquisa em colaboração internacional que receberão recursos da World Universities Network (WUN). O Fundo de Desenvolvimento de Pesquisa (RDF é a sigla em inglês) da WUN destinará às 18 iniciativas selecionadas em 2020 cerca de 180 mil libras (1,2 milhão de reais), no total. A edição atual tem foco na ideia de recuperação sustentável.

O projeto Leveraging digital healthcare experiences for post-pandemic non-communicable disease research – a multidisciplinary network engaging Brazil, Ghana and the UK foi proposto pela UFMG, que lidera a iniciativa e tem como parceiras a University of Southampton (Reino Unido) e a University of Ghana. Destinado à criação e ao aprimoramento de alternativas de atendimento de saúde a distância com base em recursos como os de inteligência artificial – a ênfase é em doenças não transmissíveis no pós-pandemia –, o projeto vai receber 10 mil libras (perto de 70 mil reais) do RDF.

Antônio Ribeiro: acesso em diferentes condições
Antônio Ribeiro: acesso em diferentes condições Acervo pessoal

Coordenador da iniciativa, o professor Antônio Luiz Pinho Ribeiro, da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas da UFMG, informa que se trata de desdobramento de parceria de mais de seis anos com pesquisadores de Southampton, que já promoveu intercâmbios, missões, seminários, entre outras atividades. “Nosso objetivo é melhorar a qualidade e o acesso à saúde digital, em diferentes condições”, informa Ribeiro, acrescentando que a iniciativa une a Faculdade de Medicina, o HC, a Faculdade de Letras e o Departamento de Ciência da Computação.   

O projeto Impact of the covid-19 pandemic on adolescents’ sexual and reproductive health in low and middle-income countries é liderado pela University of Alberta, no Canadá, e reúne ainda a University of Sheffield e, mais uma vez, a University of Ghana. O objetivo é investigar os efeitos da pandemia no acesso de adolescentes aos serviços de saúde reprodutiva e sexual e a efetividade das intervenções destinadas a esse público, em países de renda baixa e média. De acordo com a professora Kênia Lara da Silva, da Escola de Enfermagem, que coordena o projeto na UFMG, o assunto é pouco estudado em todo o mundo.

Kênia Lara:
Kênia Lara: metodologia e éticaSomos UFMG

Ela lembra que a pandemia provoca sérios agravos contra grupos vulneráveis. Condições como a pobreza e o acesso precário aos cuidados com a saúde – e os consequentes altos índices de certas condições sanitárias – conduzem a situações ainda piores com o advento de uma crise como a da covid-19. Pesquisadores de países de diferentes regiões estarão dedicados a uma ampla revisão de literatura, encontros on-line para discutir impactos da covid-19 sobre os adolescentes e um webinário para estudantes de pós-graduação a respeito de questões metodológicas e éticas da pesquisa sobre a saúde reprodutiva e sexual dos adolescentes e os direitos desse grupo no contexto de pandemia.

Cooperação
A UFMG é a única instituição brasileira a integrar a World Universities Network. De acordo com a reitora Sandra Goulart Almeida, esta é uma das mais promissoras redes internacionais de universidades, e suas prioridades – pesquisa, direitos humanos, sustentabilidade, por exemplo – estão em consonância com as da UFMG. “As ações da WUN durante a atual crise sanitária e social endossam nossa visão de que só a solidariedade e a cooperação entre pessoas, instituições e países podem fazer frente à pandemia e seus efeitos”, diz a reitora, que compõe hoje o Conselho Diretor da WUN.

Cada universidade pode enviar até duas propostas que tenham como pesquisador-líder um professor de seus quadros. A Diretoria de Relações Internacionais (DRI) recebeu este ano 11 propostas, de todos os colégios do conhecimento. Depois de fusões de projetos e remanejamento de pesquisadores, restaram quatro, e o Comitê de Internacionalização da DRI escolheu as duas propostas mais aderentes ao edital da WUN. A UFMG recebe recursos do RDF pelo terceiro ano consecutivo.

O diretor de Relações Internacionais da UFMG, professor Aziz Tuffi Saliba, destaca que o resultado da seleção em 2020 consagra mais uma vez a parceria “de altíssimo nível” em pesquisas interdisciplinares com a Universidade de Southampton. Também, segundo ele, mostra que a UFMG amplia seu alcance na África anglófona, o que está representado pela presença da Universidade de Gana nas equipes dos dois projetos. “É muito importante que apresentemos propostas sempre, porque a participação nesses projetos de colaboração garante novos recursos e visibilidade para o trabalho desenvolvido na Universidade, o que, por sua vez, resulta em novas parcerias relevantes”, afirma.    

Os 18 projetos de pesquisa contemplados na chamada deste ano juntam-se a outros 73 empreendimentos interdisciplinares apoiados nas onze primeiras edições, com investimento de mais de 2,2 milhões de libras (quase 15 milhões de reais). A WUN incentiva projetos que atacam questões de alcance global, em que as universidades integrantes da rede possam trabalhar em conjunto para obter resultados muito relevantes.

Formada por 23 universidades de 15 países e seis continentes, a World Universities Network lança mão da combinação da capacidade intelectual e dos recursos de seus membros para criar oportunidades de pesquisa internacional e ensino de pós-graduação. Segundo texto em seu site, a WUN “trabalha em conjunto com governos, organizações globais e a indústria para ampliar ambições e formar uma nova geração de líderes”.

Itamar Rigueira Jr.