Vanessa Brasileiro e Laura Cota assumem gestão da Escola de Arquitetura
Cerimônia de posse ocorre na noite desta quinta, 19; elas sucedem a Mauricio Campomori e Rita Velloso
“Tenho muitas boas memórias de quando fiz minha graduação aqui [na Escola de Arquitetura]. Quando visitei as salas de aula para apresentar nosso plano de gestão, disse aos alunos que quero que todos tenham boas memórias da Escola. Não sei se é saudosismo meu, mas, na minha época de estudante [na passagem dos anos 1980 para os 1990], os alunos permaneciam aqui mais tempo. Vamos trabalhar, eu e a Laura, para estender o tempo de permanência de alunos, professores e servidores técnico-administrativos”, anuncia a professora Vanessa Borges Brasileiro, que será empossada nesta quinta-feira, 19, no cargo de diretora da Escola de Arquitetura da UFMG. A vice-diretora será Laura de Souza Cota Carvalho Silva Pinto. Elas substituem, respectivamente, Maurício Laguardia Campomori e Rita Lucena Velloso. A solenidade será no auditório da Escola, com início às 19h.
Pesquisadora na área de espaço e memória, Vanessa pretende propiciar novos espaços de qualidade (e reocupar antigos) tanto para a comunidade interna quanto para o público externo. Alguns desses espaços podem ser vistos como residuais: pequenos recortes, internos e externos, do lote em que está o edifício da Escola. A futura gestão pretende explorar neles seu caráter de permanência. “A intenção não é fazer nada de grandioso, monumental, mas apenas potencializar espaços na Escola, que é por si só um espaço muito especial, não à toa tombado como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte”, continua Vanessa, que integra o Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e do Urbanismo.
Laura Cota acrescenta que a comunidade acadêmica triplicou desde a implementação do Reuni, programa que promoveu a reestruturação e expansão das universidades federais, e que é preciso também otimizar os espaços da Escola para dar mais conforto e eficiência ao desenvolvimento das atividades. Segundo Laura, esse esforço vai favorecer o que ela chama de “viver a Universidade” – isso ficou mais importante depois da pandemia, quando as relações virtuais ganharam força. “Achamos que é fundamental saber usar a nosso favor as próprias capacidades da Escola, que conta com arquitetos e designers que podem propor soluções para melhorar nosso lugar de trabalho e estudo”, afirma a futura vice-diretora, que é vinculada ao Departamento de Tecnologia do Design da Arquitetura e do Urbanismo. A Escola de Arquitetura tem dois cursos de graduação – Arquitetura e Urbanismo e Design – e dois programas de pós-graduação: Arquitetura e Urbanismo; e Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável.
Construção coletiva
As professoras escolhidas pela comunidade para gerir a Escola de Arquitetura no período de 2025-2028 afirmam compromisso com a continuidade de projetos iniciados pela atual gestão e, para viabilizar as intervenções físicas, pretendem propor um Plano Diretor Participativo, em que a comunidade pense seus espaços, colaborando para a construção coletiva da unidade. Como está explicado na proposta de gestão, elas pretendem fazer um “mapeamento aprofundado com integrantes de cada um dos setores da unidade”. Os dados obtidos possibilitarão “diálogo para elencar as prioridades e promover as melhorias necessárias na Escola”. Outra proposta é incorporar a expertise de docentes na definição da identidade visual dos espaços.
Vanessa Brasileiro e Laura Cota manifestam intenção de organizar a comunicação da unidade, tendo em vista, segundo elas, a necessidade de mostrar o que a unidade promove, tanto para o público interno quanto para o externo. A gestão das atividades cotidianas é mais uma preocupação das novas diretoras. De acordo com o plano de gestão, o objetivo é otimizar os fluxos de trabalho, sobretudo dos servidores técnico-administrativos, lançando mão dos instrumentos e sistemas disponíveis na Universidade. Isso inclui aperfeiçoamento na gestão de documentos e na política de arquivamento.
A proposta para o próximo quadriênio anuncia ainda ações que promovam maior integração e compartilhamento entre pessoas e setores da Escola, a aproximação da unidade com o campus Pampulha e outras iniciativas relacionadas a temas como o relacionamento com os egressos e a internacionalização.
Institucionalidade e pacificação
“Esses oito anos de gestão foram marcados por saudável institucionalidade e por pacificação. Nossa administração não foi pautada por divisão em grupos, nem qualquer tipo de partidarismo”, afirma Maurício Campomori sobre sua passagem por dois mandatos pela direção da Escola de Arquitetura, ao lado de Rita Velloso. Ao fazer uma lista de boas notícias que marcaram a gestão, Maurício faz questão de deixar claro que muitas delas não foram obra exclusiva da diretoria. "Muitas vezes, apenas criamos a possibilidade de as coisas acontecerem, não impusemos obstáculos, ou seja, não atrapalhamos”, ele resume.
No período de gestão que se encerra este ano, o Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo pulou da nota 5 para a 7, a máxima concedida pela Capes. Campomori conta que foi feito investimento significativo em laboratórios de graduação, e cerca de R$ 2 milhões foram investidos na criação de novas facilidades para ensino, pesquisa e extensão. Instalações diversas do prédio, que é muito antigo, foram atualizadas, e a Escola ganhou acesso à internet por cabo e wi-fi.
Campomori ressalta que a Escola de Arquitetura voltou a ter participação significativa nas questões da cidade. “Voltamos a ter voz, a Escola está atenta e mobilizada, e cada vez mais para as pautas dos movimentos sociais. As pessoas têm mais liberdade para propor, passou a existir abertura institucional para isso”, diz ele. A Escola de Arquitetura está muito bem academicamente, na visão do atual diretor, e participa de pesquisa de ponta no campo da realidade virtual, em conjunto com o INCT NeuroTec-R (Centro de Tecnologia em Medicina Molecular), sediado na Faculdade de Medicina. Um dos objetivos é investigar, por meio de simulações, o impacto do espaço sobre a atividade neurológica das pessoas.
Mauricio Campomori considera também que a gestão teve sorte. “Enfrentamos, nas universidades públicas, seis anos de governos hostis, e a comunidade da UFMG se uniu contra esse inimigo externo, ficou mais coesa. Tivemos muitas dificuldades orçamentárias e operacionais, mas nossas universidades não se inviabilizaram e, melhor ainda, ficaram mais fortes”, afirma.
Com os estudantes
Um dos assuntos dos quais Rita Velloso cuidou mais de perto foi a relação com os estudantes, incluindo a representação estudantil. Partes da gestão que se encerra e da anterior foram tomadas pela pandemia. “Conseguimos conduzir com delicadeza essa fase de transformação do dia a dia na Escola. Acompanhamos de perto os estudantes, graduandos e pós-graduandos, calouros e veteranos, durante e após a pandemia, ouvimos suas demandas e também os colegiados dos cursos”, ela relata.
Rita conta que se manteve uma rotina de reuniões periódicas e que a direção acompanhou também as atividades extracurriculares dos alunos no âmbito da Escola. O orçamento foi organizado para que os colegiados pudessem oferecer aos estudantes oportunidades de publicação de trabalhos e participação em eventos. “Trabalhamos pelo cuidado global, que transcendeu a sala de aula e atingiu também as atividades de pesquisa e extensão”, completa. Professora do Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e do Urbanismo, Rita Velloso destaca que a experiência na gestão de uma unidade acadêmica foi fundamental para compreender a Universidade, os fluxos e prazos de tomadas de decisão, as interconexões de docentes, técnicos e estudantes e a relação com as pró-reitorias.
As novas diretoras
Vanessa Borges Brasileiro estudou no Centro Pedagógico da UFMG no ensino fundamental e retornou à Universidade para cursar Arquitetura; graduou-se em 1992 e concluiu especialização em Urbanismo em 1996. O mestrado foi cursado na Faculdade de Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeir (UFRJ), e ela fez o doutorado em História na Fafich. Atua como docente, desde 1995, sempre nas disciplinas de História da Arquitetura e Urbanismo, Técnicas Retrospectivas e Projeto de Arquitetura. Em 2009, Vanessa ingressou no quadro de servidores da Escola de Arquitetura. Exerceu as funções de coordenadora do Colegiado de Cursos em Arquitetura e Urbanismo, chefe do Departamento de Análise Crítica e atualmente coordena o Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo.
Vanessa presidiu o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) em 2003, é membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), representa a UFMG no Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte e no Conselho Estadual do Patrimônio Cultural. Suas pesquisas e publicações focam principalmente projeto de arquitetura, intervenção em edificações históricas, patrimônio, preservação e arquitetura contemporânea.
Laura Cota é professora do curso de Design desde 2013. Cursou Engenharia de Produção na UFMG e, posteriormente, atuou como bolsista de iniciação tecnológica e industrial e de desenvolvimento tecnológico e industrial. Graduou-se em Desenho Industrial pela Universidade do Estado de Minas Gerais, é doutora em Design pela PUC-Rio e mestre em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, com ênfase em gestão e inovação.
Em suas pesquisas e projetos de extensão, Laura tem se dedicado à inovação social em produções artesanais. Desde seu ingresso na UFMG, como professora de magistério superior, tem participado de diversas atividades administrativas e representações. Integrou a Câmara do Departamento da Tecnologia do Design, da Arquitetura e do Urbanismo (TAU) e a Congregação da Escola, foi subcoordenadora e é a atual coordenadora (desde 2021) do Colegiado do Curso de Graduação em Design (CCGD), é membro do Núcleo Docente Estruturante do curso de Design, representa o CCGD na comissão que estuda a implantação do Laboratório Integrado da Escola de Arquitetura e o TAU na comissão para atualização da Matriz de Regime de Trabalho e do Perfil de Referência da Escola de Arquitetura.