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Semana de Iniciação Científica seleciona os melhores trabalhos

O encerramento da VII Semana de Iniciação Científica, no sábado, dia 31 de outubro, teve gosto de festa para dezenas de bolsistas envolvidos em 69 projetos de Iniciação Científica. Eles tiveram seus trabalhos selecionados entre os 1.001 projetos inscritos no evento e distribuídos em sete áreas do conhecimento. Nesta edição, o Boletim publica resumos de sete trabalhos, um por área, escolhidos entre os premiados.

Ciências Humanas

Cem anos depois

Com o tema Belo Horizonte 100 anos depois: as novas condições da experiência, 12 bolsistas (foto) e cinco orientadores investigam as relações de comunicação surgidas durante as comemorações do centenário da capital mineira, a partir da análise dos discursos. Voz oficial do centenário, o poder público cria a programação. A mídia aparece como segunda instância, que reproduz os discursos e mantém uma fala específica. A última esfera é a do cidadão, que constrói seu discurso ao vivenciar o centenário. "O cidadão comum não é mero receptor, mas enunciador do discurso", explica Liana Caldeira, que integra o grupo de oito bolsistas de iniciação científica e quatro de aperfeiçoamento.

Engenharias

Um veículo para o futuro

Num cenário futurista, ele poderia ser utilizado para realizar pesquisas em outros planetas e em lugares onde o homem ainda não tem acesso. Mas, em projeções mais realistas, o protótipo do veículo autônomo, desenvolvido pelos estudantes de Engenharia Elétrica, Guilherme Augusto Pereira (foto) e Valder Hugo do Amaral, pode transportar cargas em ambientes industriais e até ter uso militar. "Ele seria muito útil, por exemplo, na localização de minas terrestres", afirma Pereira. O veículo, na verdade, é um robô montado numa plataforma de três rodas, com dois motores elétricos e duas baterias. O protótipo é dotado de sensores de ultra-som que medem a distância entre os obstáculos à sua volta e localizam seu alvo.

Ciências Sociais e Aplicadas

O poder da Internet

Investigar as vantagens do uso da Internet em incubadoras de empresas no país, com interesse especial nas mineiras, é o tema da pesquisa A Internet enquanto ferramenta facilitadora na obtenção de vantagens estratégicas, capacitação e meio de comunicação em incubadoras de empresas de base tecnológica. "Apesar do excesso de informação e da demora nas buscas, a rede propicia a venda da produção em algumas incubadoras e até o desenvolvimento de novos produtos", afirma Denise Silva (foto), autora do projeto juntamente com as também bolsistas Regilane Pereira e Juliana Delgado. Elas foram orientadas pelo professor Jorge Tadeu Neves.

Ciências Biológicas e Veterinária

Fim da alergia

As alergias ao leite e ao camarão podem estar com os dias contados. Os bolsistas Nelson Vaz e Mariléia Andrade, além de Janaína Saldanha e Daniela Gargiulo (foto), do ICB, sob a orientação da professora Denise Cara, estão estudando as alterações morfológicas e fisiológicas na aversão à ingestão de alimentos em animais sensibilizados. Camundongos foram imunizados com ovalbumina, uma proteína do ovo. Expostos obrigatoriamente ao consumo de clara, os animais desenvolveram aversão ao alimento, apresentando aumento no número de anticorpos anti-OVA. "A partir desses resultados, será possível desenvolver estudos sobre imunidade contra alergias a proteínas animais, muito comuns no homem", diz Daniela.

Letras e Artes

Fotojornalismo parcial

A fotografia jornalística costuma ultrapassar a objetividade dos fatos, chocando-se freqüentemente com a pretensa imparcialidade dos jornais. Com base nessa constatação, o estudante Bernardo Esteves (foto), sob a orientação do professor Luiz Cláudio Oliveira, desenvolveu o projeto Fotojornalismo e semiótica. O trabalho de Bernardo, que analisou fotos políticas do jornal Folha de São Paulo, aborda a contextualização dos fatos a que essas fotos se referem e o diálogo com as manchetes.

Um dos capítulos do projeto é dedicado ao novo governador de Minas, Itamar Franco. Para Bernardo, o jornal forjou uma imagem de beato para o ex-presidente. "Suas fotos são associadas à iconografia cristã. Numa delas, ele aparece de braços abertos, noutra de mãos postas como se estivesse rezando", exemplifica o estudante.

Ciências Exatas e da Terra

Métropole do calor

As temperaturas médias nas regiões mais urbanizadas de Belo Horizonte são de 3 ºC a 3.9 ºC superiores às registradas em áreas onde há menos edifícios e mais áreas verdes. A constatação é do estudante Wellington Lopes Assis (foto), do curso de Geografia, autor da pesquisa Estudos Preliminares para um Programa de Diagnóstico de Ilhas de Calor para a Mancha Urbana de Belo Horizonte. Assis realizou medições da temperatura e da umidade relativa do ar em nove pontos da capital mineira. Segundo ele, as regiões Centro-Sul, Leste e Venda Nova foram as que apresentaram as maiores variações térmicas. As explicações para este fenômeno são a insuficiência de áreas verdes, a poluição e o fluxo desordenado de veículos e pedestres. O estudante foi orientado pela professora Magda Luzimar de Abreu.

Ciências da Saúde

Um mal milenar

A capital do século ainda sofre com uma doença milenar. Ao investigar as causas da proliferação da hanseníase, a pesquisa Situação epidemiológica da hanseníase no município de Belo Horizonte concluiu que ainda hoje os serviços de saúde diagnosticam a doença tardiamente. Dos 1205 casos registrados entre 1992 e 1997, 84,6% já estavam na fase avançada, sendo que 37,3% foram descobertos até um ano após surgirem os primeiros sinais. Apenas 3,9% dos casos foram detectados na fase inicial. O grupo é formado pelos bolsistas Rozilene de Lima, Marcelo Araújo e Paulo Tarso, orientados pelo professor da Escola de Enfermagem, Francisco Lana.