UFMG projeta campus do século 21

Pesquisa nacional apura desperdício em obras

Escola de Engenharia participou de levantamento realizado em 12 estados brasileiros

Levantamento realizado pela UFMG e outras 15 universidades brasileiras em 12 estados confirma que os níveis de desperdício na construção civil continuam atingindo níveis preocupantes. Intitulado Alternativas para a Redução do Desperdício de Materiais nos Canteiros de Obras, o estudo foi feito em 69 canteiros de obras em todo o país, cinco deles em Belo Horizonte. 

"Para se ter uma idéia, materiais como a argamassa chegam a apresentar 90% de perda", exemplifica o professor Antônio Neves de Carvalho, chefe do departamento de Engenharia de Materiais e da Construção Civil, da Escola de Escola de Engenharia, e coordenador dos trabalhos na UFMG. Os carros de entulho espalhados pela cidade retratam o grande volume de material jogado fora. "É importante registrar que o desperdício não é contabilizado somente pelo que vai no carro de entulho, mas por tudo o que excede o necessário", afirma Antônio de Carvalho. Dessa forma, os prejuízos podem resultar também da utilização de material mais caro do que as reais necessidades de determinada obra.

Causas

Uma das causas do desperdício nas construções está no próprio layout dos canteiros. A forma com que os materiais são dispostos obriga o pedreiro a fazer grandes deslocamentos, provocando perda substancial de tempo. Falhas nas construções também são comuns, confirmando um dos mais graves problemas da construção brasileira: a mão-de-obra desqualificada. "Esse é o fator responsável pela falta de padronização das técnicas de construção", lamenta Antônio Neves de Carvalho. 

O engenheiro brasileiro planeja pouco. Isto, segundo constatou a pesquisa, pode ser a principal causa do desperdício. Problemas que poderiam ser detectados na elaboração do projeto são percebidos somente no momento da execução da obra. Como os projetos são pouco detalhados, o trabalho acaba marcado pela improvisação. 

O engenheiro Roberto Andrade, da Empa S.A. Serviços de Engenharia, acrescenta um fator a mais na análise das causas do desperdício. Ele observa que nos países desenvolvidos os engenheiros gastam seis meses na elaboração de um projeto cuja construção pode durar apenas 30 dias. "No Brasil acontece o contrário. Trinta dias para concluir o projeto e seis meses para executá-lo", compara Roberto Andrade.