UFMG sedia debates sobre autonomia universitária

Física mantém centro em excelência de semicondutores

Responda rápido: o que são semicondutores? Não, não são materiais que conduzem algo pela metade, como o nome levaria a supor. Esses componentes, quase invisíveis ao olhar dos leigos, estão mais perto do nosso dia-a-dia do que imaginamos. Medindo milésimos de milímetros, formam a base de vários equipamentos eletrônicos, como computadores, transistores de rádio e gravadores. Sem os semicondutores seria praticamente impossível escutar um CD. São eles que viabilizam a leitura a laser.

Desde a década de 80, a UFMG realiza pesquisas sobre suas propriedades físicas, na tentativa de produzir sem-condutores mais eficientes. "Fomos pioneiros no estudo dessa área em Minas e hoje temos um dos melhores centros da América Latina", diz Paulo Sérgio Soares Guimarães, professor do departamento de Física do ICEx. 

Há dois anos, o Ministério da Ciência e Tecnologia reconheceu o núcleo de pesquisas em semicondutores da UFMG como centro de excelência na área. Por causa disso, recebe financiamento contínuo do CNPq e da Finep. Para ser ter uma idéia, só este ano os centros de pesquisa da USP e da Unicamp foram reconhecidos como de excelência. 

Os equipamentos do núcleo de pesquisas da UFMG valem entre US$ 5 e 6 milhões e estão reunidos em cinco laboratórios do ICEx. Num deles, onde são produzidos os semicondutores silício e arseneto de gálio, é preciso muito cuidado. Ele foi inaugurado em agosto de 1997 e abriga um computador que controla o número de grãos de poeira por metro quadrado. Para entrar lá, só com roupas especiais. "Os materiais são muito frágeis e precisamos garantir sua qualidade", afirma Guimarães. 

Depois de produzidos, os semicondutores são levados a outro laboratório para processamento. Daí, são transformados em transistores eletrônicos e equipamentos a laser, para possibilitar o estudo de suas propriedades físicas. Essa etapa do processo é realizada nos outros três laboratórios. "Verificamos impurezas, defeitos, propriedades óticas, resistência elétrica e respostas à luz, a campos magnéticos e a mudanças de temperatura", enumera o professor. Depois desse longo caminho, completa, "podemos chegar a semicondutores de melhor qualidade, transistores mais rápidos e laser mais eficientes".

UFMG sedia conferência de pesquisadores da área 

Uma prova a mais da importância das pesquisas do departamento de Física sobre semicondutores está no fato de a UFMG ter sediado um dos mais prestigiados eventos da área. Trata-se da nona Conferência brasileira em física de semicondutores, realizada entre os dias 7 e 12 de fevereiro, que trouxe ao campus da Pampulha cerca de 150 físicos do Brasil e do exterior. O evento bienal sempre traz contribuições decisivas para a evolução dos estudos na área, segundo o professor Paulo Sérgio Soares Guimarães, que coordenou esta última edição. 

Foram 16 palestras, dez delas ministradas por conferencistas internacionais. "Tivemos um amplo panorama do que se pesquisa no Brasil e também no exterior", afirma Guimarães. Outros 100 trabalhos foram apresentados em painéis.

Priscila Cirino