A UFMG e os 500 anos do Brasil

Cecor conserva o patrimônio nacional

Uma das garantias do sucesso do evento está no discreto e minucioso trabalho da equipe de restauradores do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes. Sua atuação começa por uma assessoria de conservação preventiva de todas as obras que estarão na mostra, passa por questões de logística e transporte e envolve até a preparação de ambientes adequados para cada obra.

 

O diretor do Cecor, Luiz Souza, entende que a colaboração do órgão consolida sua posição como um centro de referência em toda a América Latina. "Minas Gerais é, hoje, um estado de vanguarda na conservação e restauração da arte", afirma Souza.

 

Barroco

Em outra frente de trabalho, um grupo de profissionais formado por alunos e ex-alunos da EBA está preparando as obras barrocas que irão compor o módulo Barroco. Coordenada pela professora Beatriz Coelho, ex-diretora do Cecor, a equipe examina o estado de conservação das obras para definir o tipo de intervenção a ser feita. O grupo realiza, entre outros processos, a assepsia das peças, um tratamento para estabilizar a degradação do material e até a recomposição da resistência física da estrutura.

O trabalho será feito em cerca de 300 obras barrocas, com destaque para artistas como o baiano Frei Agostinho da Piedade e o paulista Frei Agostinho de Jesus, ambos do século XVII, e o mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no século XVIII. Mas, segundo Beatriz Coelho, grande parte dos artistas vivia no anonimato . "Eles eram como os carpinteiros dos dias de hoje".

 

Carta de Caminha

Pela primeira vez, o grande público terá acesso ao primeiro registro do descobrimento do Brasil: a carta de Pero Vaz de Caminha. A organização da mostra dá ao documento uma importância muito grande, a ponto de reservar-lhe um módulo exclusivo. Tanta deferência é justificada: o original da Carta de Caminha está guardado a sete chaves no Arquivo Nacional Torre do Tombo, em Portugal, e só esteve no país durante as comemorações do quarto centenário de São Paulo, em 1954. Depois da mostra em São Paulo, o documento seguirá para Salvador, Rio de Janeiro e Brasília. Segundo Luiz Souza, o Cecor dispensará atenção especial à obra, que ficará envolvida por uma vitrine, em condições especiais de aclimatação.

 

Redescobrimento ­ Brasil + 500 também abrigará um ateliê de conservação e restauração, coordenado pelo Cecor, no módulo Barroco. O objetivo é mostrar o trabalho de manutenção de obras de arte desenvolvido pela UFMG. Além disso, quatro obras serão usadas para demonstrar o processo de restauração.

 

                            Dez milhões de visitantes são esperados

A Mostra do Redescobrimento ­ Brasil + 500, promovida pela Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, vinculada ao Conselho da Fundação Bienal de São Paulo, será a maior exposição de artes visuais já realizada no País. Cerca de sete mil obras ocuparão 60 mil metros quadrados no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A mostra também percorrerá, de abril de 2000 a dezembro de 2002, 12 capitais brasileiras e 17 museus internacionais.

Esperam-se cerca de 10 milhões de visitantes em todo o mundo, 1,5 milhão apenas na cidade de São Paulo. O objetivo é revelar aos brasileiros e ao mundo a grandiosidade do país, por meio da história de suas artes visuais. Pretende-se com ela fortalecer a auto-estima brasileira e melhorar a imagem do país no exterior.

Alexandre Reis de Miranda