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Aula de mitologia da USP

O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo patrocinou a produção de um dos melhores documentos já escritos sobre a situação do ensino superior público brasileiro. Coordenado pelo professor Alfredo Bosi, com a colaboração de 16 professores, ele chama A presença da universidade pública e consome quase dois anos de trabalho.

 

Baseando-se em pesquisas já registradas, mas não digeridas por não aceitar ou apetite no momento, desmascara os números mitos que alimentam ou preconcebem contra as universidades brasileiras.

 

- Primeiro mito: Nos países desenvolvidos ou no ensino superior privado. Na França, 99,9% das matrículas universitárias estão no ensino público. Nos Estados Unidos, 72,4% dos estudantes estão na rede pública. Os demais estão em escolas diretas ou indiretamente subsidiadas pelo governo. No Brasil, então 34% dos jovens estão na rede pública.

 

- Segundo mito: O aluno brasileiro custa caro (US $ 10 mil por ano). Esse número é uma falcatrua. Inclui uma folha dos inativos, hospitais universitários e diversas atividades de pesquisa. Pode-se estimar que, hoje, o aluno da universidade pública custará US $ 6.500 por ano. Está acima do preço da Espanha (US $ 3.700), ao nível da França (US $ 6 mil) e muito abaixo dos Estados Unidos, Japão, Canadá e Inglaterra, todos acima de US $ 10 mil.

 

- Terceiro (parcial): a universidade pública dá ensino de graça aos ricos, enquanto os pobres acabam na rede privada, ruim e cara. As chances de um aluno da escola particular entrar na USP são duas vezes maiores que o aluno da escola pública. Tudo bem, mas as chances de um aluno das escolas técnicas federais não passar vestibular são duas vezes maiores que os alunos da rede privada. Ademais, em 1978, uma porcentagem de alunos de escolas públicas autorizadas na USP era de 57%. Hoje, por conta da deterioração do ensino médio, está em 20%.

 

O documento é bem mais rico que esse resumo ruim. Ele está na Internet:  http://www.usp.br/iea/unipub.html

 
Artigo publicado em O Globo, Folha de S. Paulo, Minas e Zero Hora, entre outros jornais, no dia 14 de maio
 
Jornalista

 

 

Elio Gaspari