Festa no semiárido
Transferência simbólica da Reitoria para Montes Claros marca comemorações dos 41 anos do ICA
O campus regional da UFMG em Montes Claros comemora 41 anos de fundação nesta segunda-feira, dia 15, data que marca a transferência simbólica da Reitoria para o Norte de Minas. A partir das 10h30, serão inauguradas a rede de esgotamento sanitário do campus e a linha do ônibus interno, que liga a Moradia Cyro Versiani dos Anjos ao Restaurante Universitário.
No fim da tarde, às 17h, a professora Nilma Lino Gomes, da Faculdade de Educação, vai ministrar a palestra Universidade, conhecimento e diversidade: conquistas e desafios. Às 19h30, a Câmara de Vereadores de Montes Claros fará uma homenagem à UFMG.
Nas quatro décadas de presença em Montes Claros, a UFMG atuou em diversas frentes, ofertando cursos de ensino técnico, médio e superior. O então Colégio Agrícola Antônio Versiani Athayde, incorporado à Universidade em 1968, mantinha cursos de formação técnica em Agropecuária. Mais tarde, em 1975, foram instalados cursos superiores de curta duração em Administração Rural e Bovinocultura.
O primeiro curso superior regular foi o de Agronomia, criado em 1999, no então Núcleo em Ciências Agrárias (NCA) da UFMG. Seis anos depois, foi instituído o curso de Zootecnia e, em 2009, a unidade passou a ofertar também Administração, Engenharia de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental e Engenharia Florestal. O Instituto de Ciências Agrárias (ICA) foi criado um ano antes, em 15 de maio de 2008, com ênfase nas atividades de extensão, presentes desde os tempos de Colégio Agrícola.
Com o produtor
“A região onde hoje está localizado o campus Montes Claros era uma fazenda, que se desenvolveu com a vinda do Colégio Técnico e da UFMG. Desde o início, sempre houve uma preocupação em atender à comunidade, porque a Universidade não está aqui sozinha. Por meio das atividades de nossos alunos e docentes, sempre voltadas para a realidade local, chegamos até o produtor”, contextualiza a professora do ICA e coordenadora do Centro de Extensão (Cenex), Júlia Maria de Andrade, que ingressou na Instituição nos anos de 1970.
Atualmente, o ICA conta com 17 programas e 115 projetos de extensão ativos, além de 82 eventos. Somente em 2016, o público beneficiado pelas iniciativas, que incluem visitas técnicas, capacitação e palestras, foi de quase 50 mil pessoas, segundo o Cenex.
“É preciso valorizar e compreender a importância da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. A proposta de ofertar um ensino de graduação e pós-graduação de qualidade no campus regional de Montes Claros não deve se dissociar da produção do conhecimento pela pesquisa nem de uma extensão participativa e inclusiva”, defende o diretor do ICA, Leonardo David Tuffi Santos.
Consolidação
A oferta de pós-graduação na unidade a partir de 2006, com o curso de mestrado em Ciências Agrárias, contribuiu para consolidar o campus regional de Montes Claros como um dos principais centros de geração de tecnologia no semiárido mineiro. “Em 2012, promovemos uma reestruturação na pós-graduação. Transformamos a área de Ciências Agrárias em Produção Vegetal, que ajudou na nucleação dos mestrados em Produção Animal e Sociedade, Ambiente e Território”, informa o professor Regynaldo Arruda Sampaio, que à época coordenava o curso de Pós-graduação em Ciências Agrárias.
A mudança surtiu efeito, e a área alcançou conceito 4 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – 3 era o conceito anterior. No ano passado, foi criado o doutorado em Produção Vegetal, “o que indica que estamos no caminho certo para consolidar a pós-graduação em nosso campus”, afirma Sampaio.
Os cursos de pós-graduação possibilitaram melhorias na infraestrutura do campus, com a implantação de laboratórios e compra de equipamentos de última geração, que favoreceram a produção de pesquisas e artigos mais aprofundados, publicados em revistas científicas de impacto. O Centro de Pesquisa em Ciências Agrárias (CPCA), complexo de laboratórios multiuso, é uma das novas instalações. Inaugurado em 2013, o Centro reúne laboratórios de biotecnologia, engenharia de alimentos, controle da poluição, metabolismo animal, plantas medicinais e aromáticas e sanidade animal e saúde pública, além de salas que abrigam equipamentos de precisão para pesagem e preparo de amostras, moinhos, estufas, incineradores, freezer e câmara fria.
As mudanças são perceptíveis para os estudantes. Aluna da primeira turma do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, Fabíola Mendes Braga cursou o mestrado em Produção Vegetal no ICA e agora integra a segunda turma do doutorado, criado em 2016. “Em 2009, durante o curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, passei por dificuldades de primeira turma, como o pequeno número de professores e o estudo de disciplinas em conjunto com o curso de Agronomia. A melhoria é nítida. O corpo docente aumentou, e os estudantes saem mais bem preparados”, atesta.