Aprimorando os argumentos
Projeto da UFMG ajuda estudantes a potencializar sua capacidade de debater grandes temas
Debates, discussões políticas, cursos de oratória e argumentação. Todas essas práticas são realizadas no Senatus, projeto de extensão criado em 2014 por estudantes da UFMG. Aos sábados, o grupo promove encontros, geralmente na Faculdade de Direito, que reúnem mais de 130 membros, entre os quais, 60 estudantes que participam regularmente de campeonatos regionais e nacionais.
O Senatus tem o objetivo de aprimorar o debate político no Brasil, valorizar o discurso de qualidade e promover um espaço democrático, sem restrições ideológicas, reunindo estudantes interessados em melhorar sua capacidade argumentativa.
O Senatus tem o objetivo de aprimorar o debate político no Brasil, valorizar o discurso de qualidade e promover um espaço democrático, sem restrições ideológicas, reunindo estudantes interessados em melhorar sua capacidade argumentativa. Nos encontros, abertos aos alunos da UFMG e de outras instituições de ensino, são oferecidos cursos de oratória e argumentação, seguidos de debates-treinos sobre os conteúdos assimilados. “É importante aprender a escutar o que os outros estão dizendo. Nesse aspecto, o debate é importante, não só o discurso”, destaca Luísa Côrtes Grego, presidente do Senatus e estudante no 10º período do curso de Direito da UFMG.
Nos treinos, que se assemelham às discussões nos congressos, são debatidas questões morais e filosóficas, além de assuntos relevantes nos dias atuais, como previdência, relacionamento a distância, sistema parlamentarista x sistema presidencialista, valorização da moral e da tradição. Os membros mais antigos avaliam o desempenho dos mais novos. “Evitamos, ao máximo, analisar a oratória. Nossa prioridade é a qualidade dos argumentos, a fundamentação, os exemplos aplicados, as ideias e a forma como o estudante construiu o discurso”, afirma Luísa Côrtes.
No ensino médio
Neste ano, o Senatus – que se define como uma sociedade de debates – credenciou-se como projeto de extensão. “É um sonho de muito tempo, queremos levar essa ideia de aprimorar o debate político para as pessoas e o próprio modelo de debates para o ensino médio em Belo Horizonte”, anuncia Luísa.
Para Lucca Gabriel, diretor de Debates e estudante do 6º período de Economia na UFMG, participar do Senatus é uma experiência enriquecedora, tanto acadêmica quanto profissionalmente. “Exige dedicação, temos que estudar para as sessões, buscar novas técnicas”, diz Lucca, que considera sua participação no projeto “a grande marca de sua passagem pela Universidade”. “A possibilidade de debater, construir ideias, argumentar e ter um ideal político tem muito a ver com a proposta da UFMG, que é a de formar cidadãos e pessoas que pensam e constroem políticas públicas”, acrescenta.
O professor Thomas da Rosa de Bustamante, autor de livros sobre argumentação jurídica e que ministra a disciplina Teoria do Direito, Hermenêutica e Filosofia, destaca a importância de iniciativas como o Senatus, que, ao promover o exercício dos princípios da boa argumentação, “contempla os detalhes, a clareza e a objetividade”.
Competições
O campeonato de debates, com origem na Inglaterra, é um modelo de contestação em que duas ou mais ideias conflitantes são defendidas ou criticadas com base em argumentos. As competições reúnem duas duplas em lados opostos. O tema do debate é apresentado em 15 minutos; em seguida, são sorteadas as duplas que defenderão e aquelas que refutarão determinada ideia. “A maior dificuldade é a carga emocional, especialmente nas fases eliminatórias, as mais tensas das competições. É sempre uma experiência que faz a gente querer mais, aprender mais, e é muito recompensador quando ganhamos”, afirma Lucca.
O Senatus está em fase final de preparação para o campeonato nacional, que ocorrerá de 15 a 17 de novembro em Vitória, e para o UFMG IU, campeonato interuniversitário agendado para dezembro na UFMG. “A preparação consiste na utilização de módulos de estratégia de debate. Observamos as falhas comuns, como contestá-las com argumentos e estudamos temas prováveis”, revela Luísa.
O Senatus – que faz alusão ao Senado do Império Romano – conta com dois professores orientadores: Aziz Tuffi Saliba e Lucas Carlos Lima, do Departamento de Direito Público. São nove coordenadores: presidente, secretário, três diretores e quatro líderes de casa, organizados nos seguintes grupos: Racionalistas Individualistas, Racionalistas Coletivistas, Tradicionalistas Coletivistas e Tradicionalistas Individualistas. Cada casa tem um líder, selecionado em processo interno. Um secretário e diretores de módulos, de debates e de marketing completam a estrutura organizacional do projeto.