Faroestes modernos compõem a programação do CineCentro de junho
O projeto CineCentro do mês de junho indica uma seleção de obras da nova geração do gênero western, que utiliza temas dessa narrativa cinematográfica e os reinterpreta com base em novas abordagens. O gênero apropria-se de mitos e discursos do passado para pensar os problemas do presente.
O denominado neo-western ou faroeste moderno constrói narrativas mais elaboradas que incluem questionamentos sobre a representação e representatividade dos nativos, negros e imigrantes, assim como sobre as noções de masculino e feminino. As novas formas de fazer faroeste conseguem subverter a lógica de representação, adicionando mais complexidade aos personagens e ambientes.
Os estereótipos criados por esse gênero acabaram levando-o à exaustão. A figura do caubói montado em seu cavalo, o xerife, a mocinha indefesa, o saloon, as paisagens áridas, entre outros, são ícones que contribuíram para essa saturação e para a perda de espaço. Também concorreram para esse desgaste contraposições simplistas e binárias leste e oeste, bem e mal, civilizado e selvagem, mocinho e bandido.
Mudança de cenário
Questões contemporâneos alteraram o panorama dos faroestes. As mulheres, antes retratadas como secundárias em relação aos personagens masculinos, seus salvadores, vêm sendo representadas por personagens mais fortes e atuantes em filmes como Dívida de honra e Amaldiçoada. A questão da homossexualidade entre caubóis, que nunca havia sido abordada, é retratada sem estereótipos em O segredo de Brokeback Mountain. Personagens negros são centrais nas obras Django livre e Os oito odiados, de Quentin Tarantino.
Na cena da produção dos westerns modernos cabem tanto películas mais puristas, em termos de estrutura narrativa quanto versões contemporâneas, nas quais os elementos do gênero recebem releituras e atualizações. Apesar de ser um cinema tipicamente norte-americano, os EUA não são os únicos que realizam filmes de qualidade neste estilo. O Brasil conta com alguns representantes do gênero, como o premiado Boi Neon, de Gabriel Mascaro, e A luneta do tempo, dirigido pelo cantor e compositor Alceu Valença.
Os filmes da mostra podem ser encontrados nas plataformas de streaming Netflix, Amazon Prime Video e YouTube.
A luneta do tempo
(A luneta do tempo) Direção de Alceu Valença. Faroeste/drama/musical, 2014, Brasil. 99’, 14 anos. Nota IMDb: 6,9
Inspirado na história de Lampião e Maria Bonita no sertão, o filme tem personagens fictícios que vivem amores e aventuras em um universo circense, ao lado dessas lendas folclóricas e ao som de cordel também escrito por Alceu Valença. YouTube.
A balada de Buster Scruggs
(The ballad of Buster Scruggs) Direção de Ethan e Joel Coen. Faroeste/comédia/drama/musical, 2018, EUA. 133’, 16 anos. Nota IMDb: 7,3
Os aclamados irmãos Coen idealizam uma antologia em que o enigmático caubói Buster Scruggs tem sua vida desvendada em seis diferentes histórias. Acompanhando pistoleiros, colonizadores, mineiros, homens condenados à forca, caçadores de recompensa e outros personagens do Velho Oeste, esses seis contos vão da mais profunda reflexão até o mais completo absurdo. Disponível na Netflix.
Dívida de honra
(The Homesman) Direção: Tommy Lee Jones. Drama/faroeste, 2014, EUA/França. 122’, 16 anos. Nota IMDb: 6,6.
Mary Bee Cuddy (Hilary Swank) e o estranho posseiro George Briggs (Tommy Lee Jones) – que reivindica direitos sobre terrenos durante a conquista do Oeste nos EUA – precisam escoltar três mulheres dementes do Nebraska ao Iowa, enfrentando as dificuldades da natureza pelo caminho. Amazon Prime Video.
Amaldiçoada
(Brimstone) Direção de: Martin Koolhoven. Faroeste/drama/mistério, 2016, Países Baixos/França/Alemanha/Bélgica/Suécia/Reino Unido/EUA. 148’, 18 anos. Nota IMDb: 7.1
Liz (Dakota Fanning) é uma mulher corajosa que tenta fugir de seu passado, mas passa a ser perseguida por um fanático diabólico (Guy Pearce). Ela luta para criar uma vida melhor para ela e sua filha. Amazon Prime Video e YouTube.
Alma de cowboy
(Concrete cowboy) Direção de Ricky Staub. Faroeste/drama, 2020, EUA/Reino Unido. 111’, 16 anos. Nota IMDb: 6,3
Cole (Caleb McLaughlin), um adolescente de 15 anos, é levado para viver com seu pai Harp (Idris Elba) no norte da Filadélfia. Lá, ele descobre a vibrante cultura local de caubóis urbanos, que proporciona um refúgio seguro para o bairro, apesar da pobreza e da violência. Netflix.
Relatos do mundo
(News of the world) Direção de Paul Greengrass. Faroeste/ação/aventura/drama, 2020, EUA/ China. 118’, 14 anos. Nota IMDb: 6,8
Um veterano de guerra (Tom Hanks) que perambula de cidade em cidade lendo notícias faz uma perigosa viagem pelo Texas para levar uma garotinha órfã até seu novo lar. Netflix.
Os oito odiados
(The hateful eight) Direção: Quentin Tarantino. Faroeste/comédia/drama/mistério, 2015, EUA. 168’, 18 anos. Nota IMDb: 7,8
Um grupo de desconhecidos é obrigado a passar a noite em uma estalagem isolada durante uma nevasca. Entre os presentes estão os caçadores de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson) e John Ruth (Kurt Russell). Esse último transporta uma foragida da justiça, Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), e logo desconfia que alguém no grupo está ali para libertá-la. Amazon Prime Video.
Outros filmes
A qualquer custo
(Hell or high water). Direção de David Mackenzie. Faroeste/ação/drama, 2016, EUA. 102’, 14 anos. Nota IMDb: 7,6. YouTube
Boi neon
Direção de Gabriel Mascaro. Faroeste/drama, 2015, Brasil/Uruguai/Países Baixos. 116’, 16 anos. Nota IMDb: 6,8. Netflix
Django livre
(Django unchained) Direção de Quentin Tarantino. Faroeste/drama, 2012, EUA. 165’, 16 anos. Nota IMDb: 8,4. Netflix
Oeste sem lei
(Slow West) Direção de John Maclean. Drama/romance, 2015, Reino Unido/Nova Zelândia. 84’, 16 anos. Nota IMDb: 6,9. Netflix
O segredo de Brokeback Mountain
(Brokeback Mountain) Direção de Ang Lee. Faroeste/drama/romance, 2005, EUA/Canadá. 134’, 14 anos. Nota IMDb: 7,7. Netflix
Os infratores
(Lawless) Direção de John Hillcoat. Faroeste/crime/drama, 2012, EUA. 116’, 16 anos. Nota IMDb: 7,3. YouTube
