Festival de Inverno destaca influência indígena na arte e experiências urbanas
Apesar de sua influência, os indígenas nunca foram protagonistas na história da arte. Recentemente, no entanto, artistas indígena têm ocupado espaço de destaque para recontar a história do Brasil por meio de produções que representam uma nova caminhada e uma nova antropofagia da arte, mesclando, por exemplo, conhecimentos ancestrais, como os grafismos e o tempo circular, com técnicas artísticas e tecnologias digitais.
Esse é o eixo da palestra A arte moderna já nasceu antiga, que será ministrada nesta quarta-feira, 16 de setembro de 2020, a partir das 19h, pelo artista amazonense Denilson Baniwa, no terceiro dia do 52º Festival de Inverno UFMG. Nascido em Mariuá, no Rio Negro, Denilson tem sua obra fortemente referenciada na cultura de seu povo. Na juventude, ele engajou-se na luta pelos direitos dos povos indígenas, transitando pelo universo não indígena. Considera-se um artista antropófago, pois se apropria de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Trabalha para romper paradigmas e abrir caminhos para o protagonismo indígena na arte brasileira.
Na sequência, os artistas Adriana Schneider Alcure e Kdu dos Anjos conversam sobre experiências urbanas na arte. Adriana é atriz, diretora e pesquisadora de teatro. É professora do curso de Direção Teatral e do Programa de Pós-graduação em Artes da Cena da UFRJ, onde também exerce o cargo de superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura. Kdu dos Anjos, por sua vez, é MC da cultura hip hop e do funk, produtor de moda, poeta, compositor, ator, arte educador, criador do Centro Cultural Lá da Favelinha de Belo Horizonte. A roda de conversa será mediada pela professora Marcela Silviano Brandão, da Escola de Arquitetura da UFMG. Ela é pesquisadora do grupo Indisciplinar, que tem ações focadas na produção contemporânea do espaço.
No encerramento do terceiro dia do Festival, o bailarino e coreógrafo Rui Moreira lança, às 21h30, o videodança-performance espiral O futuro pode estar na sua frente ou às suas costas. Trata-se de uma produção inédita do artista, radicado em Porto Alegre, na qual explora a forma da espiral – encontrada em todas as culturas – e traduz um movimento ascendente de evolução a partir de um ponto inicial. Esse movimento pode ser associado com a própria progressão da existência. Assim como a vida, a espiral, a partir de um eixo, projeta-se para o infinito e aparentemente não tem fim. Rui Moreira tem mais de três décadas de atuação no cenário cultural. Participou das companhias Cisne Negro, Balé da Cidade de São Paulo, SeráQuê?, Azanie (França) e Grupo Corpo. Sua formação mescla práticas do balé clássico, das danças modernas, das danças populares do mundo e de danças africanas da contemporaneidade.
As atrações do evento são gratuitas e podem ser acompanhadas no Canal Cultura UFMG no YouTube. A palestra e a roda de conversa oferecerão certificado de participação. Os interessados deverão se cadastrar aqui. A programação do evento está disponível em sua página.