Campus Montes Claros abre semestre letivo com reflexão sobre as fronteiras do conhecimento
O limite do conhecimento é um intervalo aberto, que continua em expansão à medida que o ser humano faz novas descobertas. Esse foi um dos aspectos abordados pelo pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Ado Jorio, durante palestra proferida nesta segunda-feira, 13, na cerimônia de abertura do ano letivo, no campus regional de Montes Claros.
Segundo ele, as fronteiras do conhecimento se escoram em três grandes limites: “o muito pequeno”, “o muito grande” e o “muito complexo”.
O primeiro limite pode ser exemplificado pelas dimensões ocultas. “Existe uma teoria, segundo a qual para descrever o tecido que existe no espaço-tempo, são necessárias 11 dimensões, que formam uma estrutura muito pequena, complexa, que não somos capazes de enxergar”, afirma.
Como só enxergamos três dimensões, disse Jorio, as oito restantes estariam envoltas entre si e corresponderiam a uma escala de 10-35. Para se ter uma ideia dessa grandeza, basta colocar 34 zeros à esquerda do número 1. Desse total, o homem já teria descoberto a escala de 10-10 metros, o correspondente ao tamanho do átomo.
Já o “muito grande” diz respeito à área total do Universo que corresponderia a uma escala de 1026 metros, que pode ser representada pelo número 10 seguido de 25 zeros. Ainda comparando os limites do conhecimento com os níveis alcançados até o momento, o ser humano teria descoberto cerca de 1010 metros dessa trajetória, o equivalente à distância até Marte – planeta para o qual foi enviada uma sonda. Já a forma de tratar “o muito complexo” teria cerca de 10-6 metros, correspondente à ordem de uma célula.
Interdisciplinaridade
Questionado sobre a preocupação em relação aos impactos da nanociência sobre os seres vivos, uma vez que as nanoestruturas são menores do que a membrana da célula, podendo, assim, atravessar esse “anteparo” e alcançar estruturas microbiológicas de humanos, animais e plantas, o professor Ado Jorio respondeu que é enorme o potencial de aplicações desse ramo nas áreas de biológicas. Ele ressaltou ainda que essa interdisciplinaridade só pode ser alcançada quando profissionais de diferentes áreas lançam olhar sobre o mesmo problema.
Um exemplo dessa capacidade de trabalho interdisciplinar foi dado pelo reitor Jaime Ramirez, que mencionou estudo, do qual fez parte, que envolvia pesquisadores das escolas de Engenharia e Veterinária e do ICB. Seu objetivo era regular a entrada e saída de substâncias no interior da célula, exatamente o tema abordado em questionamentos feitos ao pró-reitor de Pesquisa.
“A interdisciplinaridade possibilitou que engenheiros, biólogos e veterinários trabalhassem juntos e alcançassem resultados em um tema complexo. O mundo não possui fronteiras no que se refere a até onde o conhecimento pode nos levar”, disse Ramírez.
Perpetuar valores
Em seu discurso de abertura do ano letivo, o reitor Jaime Ramírez fez menção aos 90 anos da UFMG, que serão completados em setembro de 2017. “A Universidade Federal de Minas Gerais figura entre as melhores instituições do país devido aos esforços, de cada geração, em seguir adiante e produzir com qualidade. Vocês, novos estudantes, têm a responsabilidade de perpetuar esses valores e se prepararem para ser profissionais sempre melhores”, ressaltou.
O diretor do Instituto de Ciências Agrárias, professor Leonardo David Tuffi Santos, também deu boas-vindas aos calouros. “O campus regional Montes Claros e o Instituto de Ciências Agrárias se orgulham dos novos ingressantes de nossa comunidade acadêmica. A Reitoria e o campus de Montes Claros elaboraram uma programação de recepção para apresentar a UFMG a vocês”, disse ele, destacando que a direção da Universidade e o próprio ICA repudiam qualquer ato que leve ao trote violento, constrangimento ou desrespeito com os estudantes.
A cerimônia de abertura do ano letivo no ICA reuniu o reitor Jaime Ramirez, o diretor do Instituto de Ciências Agrárias, Leonardo David Tuffi Santos, o vice-diretor Helder Augusto dos Anjos e o pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Aldo Jorio.