Evento cultural

Justino Cardoso expõe desenhos que retratam os 50 anos da independência de Moçambique

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O Centro Cultural UFMG inaugura nesta sexta-feira, dia 22, às 19h, a exposição Ohitthuna Amakhuwa – a arte gráfica de Justino Cardoso. A mostra reúne 11 séries de desenhos realizados de 2011 a 2024. Inéditos no Brasil, os desenhos contam, no cinquentenário da independência de Moçambique, histórias marcantes do país e da África. A curadoria é de Eduardo Vargas, com colaboração de Brígida Campbell. Com entrada gratuita e classificação etária indicativa de 12 anos, a exposição poderá ser visitada até 21 de setembro.

Ohitthuna Amakhuwa, ou resistência Makua, apresenta ao público brasileiro os traços do moçambicano Justino Cardoso e um pouco da história e das experiências de seu país. Nessas séries, o ilustrador e desenhista moçambicano “traz à tona a chaga colonial em muitas de suas facetas, passadas e presentes, bem como as tradições autóctones, sobretudo as de sua etnia, a dos Makuas, e suas práticas de resistência às violências coloniais. Elas abordam, ainda, outros temas que lhe são caros, como os da unidade e da diversidade do pan-africanismo”, diz-se no texto de divulgação.

Espécie de desenhos literários, as histórias e ideias estão fortemente ligadas à experiência de vida de Justino e à memória da região, marcada por acontecimentos dramáticos em diferentes períodos. Impactado pelas sequências dos filmes de cowboy e pelas demandas de produção da arte popular, Justino desenvolve narrativas ao estilo "bandas desenhadas" (bandes dessinées, expressão consagrada no francês), tendo como referência o célebre escritor e cartunista americano Will Eisner, cujo trabalho justapõe imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia.

“As condições de produção dessas séries são perceptíveis nos próprios desenhos. Produzindo em contexto de considerável precariedade, com limitadas possibilidades de publicação, boa parte dos meus trabalhos foi feita em papel para serem expostos em paredes ou muros, em lugares de grande circulação”, destaca o autor. Ao contrário do padrão das bandas desenhadas impressas, nas quais muitos quadros ocupam uma única página, os quadros originais de Justino são ampliados em mais de um sentido, uma vez que, geralmente, ocupam uma página ou prancha inteira – quando não formam polípticos, em que alguns têm mais de dez pranchas.

Sobre o artista
Nascido em 1960, em uma família humilde de professores na região de Namapa, na divisa da província de Nampula com a de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, Justino Cardoso já expressava seu interesse pela arte bem novo, desenhando sobre livros e cadernos de escola. Em 1979, após trabalhar nos chamados jornais do povo, foi chamado pelo presidente Samora Machel para atuar no Departamento de Informação e Propaganda, na capital do país, Maputo, onde continuou desenhando e fazendo cartazes, panfletos e folhetos.

Enquanto militava na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Justino conheceu vários artistas, escritores, jornalistas e intelectuais. Em 1984, deixou o litoral moçambicano com destino a Malawi, onde foi preso logo que atravessou a fronteira. Justino costuma dizer que foi observando as folhas das palmeiras das grades da prisão no Malawi que viu pela primeira vez as hachuras (técnica de desenho ou gravura que utiliza linhas paralelas próximas para criar sombras, tons, ou efeitos de volume) que tanto singularizam seus desenhos. Quando foi libertado, seguiu para Nampula.

Livros e prêmio
O artista também lançou diversos livros, como Ilha de Moçambique: história e patrimônio, Malangatana, Os Makuas de Moçambique e História da alfândega e participou na exposição coletiva Liberdade – arte de Moçambique e Tanzânia, realizada na galeria de arte Hofkabinett, em Linz, Áustria. Em 2021, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Rovuma (Unirovuma), de Nampula, e, no ano seguinte, montou uma exposição individual de seus trabalhos, Moçambique em retrospectiva, no Museu da Previdência, em Maputo.

Em 2024, junto com Eduardo Vargas, realizou a exposição Comboio d’olhos, que circulou pelo Brasil e por Moçambique. Também no ano passado foi agraciado pelo governo moçambicano com o prêmio de Artista Gráfico do ano. Justino desenhou vários murais em praças e rotundas de Nampula, Lichinga e Pemba, as capitais das províncias do Norte. Atualmente, o ilustrador vive e trabalha em Nampula.

Descrição Imagem
Obras de Justino Cardoso estão fortemente ligadas à experiência de vida do artista e à memória da região Imagem: Divulgação

Ficha técnica

Abertura da exposição Ohitthuna Amakhuwa – a arte gráfica de Justino Cardoso
Data: 22 de agosto, sexta-feira
Horário:19h
Visitação: até 21 de setembro de  2025
Terças a sextas, das 9h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h
Público: a partir de 12 anos
Local: Centro Cultural UFMG
Endereço: Avenida Santos Dumont, 174 – Centro, Belo Horizonte
Evento gratuito

Serviço

21 de agosto a 21 de setembro de 2025

19h

Centro Cultural UFMG

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Entrada franca

Avenida Santos Dumont, 174 – Centro, Belo Horizonte