Com rotina adaptada para visitação virtual, Casa Padre Toledo completa 50 anos
Distanciamento social forçou o museu a produzir conteúdo para divulgação nas redes sociais
De portas fechadas para a visitação presencial, o Museu Casa Padre Toledo, gerido pela UFMG em Tiradentes, na região do Campo das Vertentes, tem concentrado suas atividades no ambiente digital no ano em que comemora seu 50º aniversário.
O desenvolvimento de conteúdo para as redes, segundo a professora Verona Segantini, diretora do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, é importante para manter as ações educativas, em consonância com a proposta de democratização do acesso à cultura, levando história, cultura e educação para as casas. “Durante a pandemia, ampliamos nossa área de alcance on-line e inauguramos conteúdos nas redes sociais, no Youtube, Spotify e IGTV”, detalha a gestora.
Campanhas virtuais com temáticas relacionadas à história de Minas Gerais têm sido empreendidas pela equipe do Museu. As pesquisas, em regime de home office, estão a cargo dos estagiários do setor educativo, estudantes das áreas de Pedagogia e Comunicação. Segundo Verona Segantini, além dos conteúdos próprios, o Museu também tem contribuído com eventos da cidade. “Em 2021, ofereceremos passeios e exposições on-line, oficinas, bate-papos, podcasts, cursos, lançamentos de livros e outras atividades”, enumera a diretora.
Toda a programação do Museu pode ser acessada por meio de seus perfis no Instagram, Facebook e Spotify.
História
O solar conhecido historicamente como Casa Padre Toledo é um dos bens culturais mais preciosos construídos no século 18 em Minas Gerais. Marco arquitetônico do período de exploração mineral na então Vila de São José del-Rei, pertencente à antiga Comarca do Rio das Mortes, a edificação simboliza tempos de grande importância na vida social, política e cultural da região.
Até 1789, a casa foi residência do Padre Toledo, um dos mais ativos personagens da Inconfidência Mineira. No solar, ocorreram reuniões e encontros entre figuras políticas importantes do período.
O imóvel tem um único andar, com um pequeno torreão de construção posterior. Um de seus aspectos mais significativos é o conjunto de forros, quase todos em gamela e pintados – detalhe incomum nas residências da época. As pinturas, presentes em nove das 15 salas, foram aplicadas por meio de variadas estratégias artísticas de composição.
Ao longo dos séculos, a casa teve usos diversos e passou por intervenções. O local já foi sede da prefeitura da cidade, além de cinema, teatro e espaço de seminários. Tombada na década de 1950 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a casa foi doada, em 1970, para a Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade para a instalação de um museu regional. A gestão foi transferida para a UFMG na década de 1990, e, desde então, a universidade passou a atuar na cidade, desenvolvendo e apoiando projetos culturais.
Reestruturação museográfica
Em 2012, o Museu foi reinaugurado, após implantação de novo projeto museográfico. O trabalho foi coordenado pelo arquiteto e professor André Dangelo, da Escola de Arquitetura da UFMG. O processo de restauração artística foi realizado por profissionais do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas Artes, sob a coordenação da professora Bethania Veloso. O novo projeto expográfico buscou valorizar a arquitetura do solar e os seus possíveis usos no século 18.
Desde o início da década passada, o Museu integra o projeto do campus cultural de Tiradentes, vinculado à Diretoria de Ação Cultural da UFMG. Em 2019, seu acervo foi requalificado, e o Museu passou a oferecer mais informações sobre a Inconfidência Mineira, o próprio Padre Toledo e o cotidiano da antiga Vila de São José. Em épocas de funcionamento normal, a casa recebe mais de 30 mil visitantes por ano e organiza atividades para a formação de estudantes.