Ensino

‘Curiosidade é a virtude máxima para um aluno que chega à universidade’

Afirmativa é de Jacyntho Brandão, da Fale, em evento on-line

Toda a estrutura e oportunidades proporcionadas pela universidade de nada valem se os alunos não estiverem interessados nelas, segundo o professor Jacyntho Lins Brandão, da Faculdade Letras. “Para quem chega aqui, a virtude máxima é a curiosidade, que possibilita que se aproveite o que é oferecido e que não se fique restrito a exigências de dado curso. Dessa forma, cada um, na sua individualidade, reproduz esse movimento que faz com que a humanidade avance.”

Jacyntho aborda o tema em palestra produzida especialmente para o UEADSL 2016/2: Diversidades, evento on-line e assíncrono promovido pelo grupo Texto Livre, da Faculdade de Letras, em parceria com o Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed) e com a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. O evento, que segue até a próxima sexta, 10, com palestras e exposição de artigos, tem como temas centrais universidade, EAD e software livre, sob a temática mais ampla Diversidades.

Ainda de acordo com o professor, para cumprir sua função social, a universidade deve levar o espírito de questionamento e de investigação para fora dos seus muros. “Essa é a postura com a qual a universidade deve contaminar a sociedade porque é essa inquietação que produz conhecimento”, afirma.

Na conferência Universidade: conceito e possibilidades, com cerca de 20 minutos de duração, Jacyntho tratou também de autonomia universitária e do polêmico movimento Escola Sem Partido. Ele discorreu sobre o surgimento da instituição – a Universidade de Bolonha, na Itália, a primeira do ocidente, foi criada em 1088 – e relembrou a etimologia do termo, que deriva de universitas, do Latim, referência ao universo de alunos ali reunidos. “Isso define algo básico: o que faz uma universidade é seu universo de estudantes.”

Brandão ressaltou que a autonomia universitária é um problema que acompanha o próprio conceito de ensino superior desde sua gênese e que está na sua base. A Universidade de Bolonha, por exemplo, não foi submetida ao poder da Igreja ou da cidade e chegou a ser dirigida pelos alunos por curto período. “Se não houver autonomia, não há liberdade de ensinar, de pesquisar e de pensar. A universidade não pode estar submetida a essas outras instâncias, ou ela deixa de ser universidade”, explica.

Devido à importância da liberdade de pensamento para a universidade, propostas de restrições ao que o professor deve ou não abordar em sala de aula pervertem a concepção de educar, em sentido amplo, em qualquer nível de ensino. “Escola sem partido é uma ingenuidade que não dá nem para classificar. É claro que temos partido: o partido da educação, da solidariedade, da justiça. Se a universidade não tomar partido com relação a isso, ela estará frustrando aquilo de mais importante que ela tem”, afirma Jacyntho Lins Brandão.

O UEADSL tem palestras também de Durcelina Pimenta, professora da Pós-graduação em Educação e Docência (Promestre), da Faculdade de Educação, e Paulo Slomp, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esta edição do evento reúne 124 trabalhos distribuídos entre 15 linhas de abordagem.

Mais informações podem ser obtidas na página do evento na internet ou pelo email ueadsl.sec@textolivre.pro.br.

Com Assessoria de Comunicação do Caed