Pesquisa e Inovação

Especialistas recomendam uso exclusivo do termo ‘monkeypox’ para denominar doença

Nomenclatura adotada pelo Ministério da Saúde busca evitar estigma dos infectados e maus-tratos a primatas

magem microscópica do vírus isolado pela UFMG e pela Funed
Imagem microscópica do vírus isolado pela UFMG e pela Funed Centro de Microscopia e Laboratório de Vírus da UFMG

No último sábado, 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a disseminação da monkeypox pelo mundo como um caso de emergência pública de preocupação global. O anúncio foi feito por Tedros Adhanom, diretor-geral da organização. No Brasil, especialistas na área têm orientado que a doença seja denominada com o mesmo nome do vírus (MPXV): monkeypox

A decisão busca evitar que haja estigma e preconceito contra as pessoas infectadas com a doença e também maus-tratos a macacos. Além disso, o surto atual não tem relação com primatas, o que torna o uso do termo “varíola dos macacos” ainda mais impreciso. O Ministério da Saúde, em consonância com as diretrizes da OMS, já tem adotado somente o termo monkeypox para denominar a infecção.

"O nome monkeypox também é utilizado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Todo esse movimento tem o intuito de evitar desvio dos focos de vigilância e más ações contra os animais", explica Maria de Lourdes Oliveira, vice-diretora de Serviços de Referência, Coleções Biológicas e Ambulatórios do Instituto Osvaldo Cruz (IOC).

Em consonância com a orientação, todos os conteúdos jornalísticos sobre a doença publicados no Portal UFMG até o momento foram atualizados com o termo indicado. 

Atuação da UFMG
No dia 14 de julho, pesquisadores da UFMG e da Fundação Ezequiel Dias (Funed) anunciaram a conclusão do isolamento e da microscopia eletrônica de uma amostra positiva do vírus monkeypox, processo confirmado também por abordagem molecular (PCR). Os trabalhos foram realizados em conjunto nos dois centros de pesquisa, com o respaldo de uma contraprova validada por ambos.

Antes disso, em maio, foi instituída comissão pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da Rede Vírus, para monitorar a evolução dos casos da monkeypox e o avanço da doença. A Câmara Técnica Temporária Pox-MCTI reúne sete especialistas em diferentes áreas, entre eles cinco professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.

A doença
Causada pelo vírus monkeypox, que se assemelha ao agente da varíola humana, a doença se caracteriza por sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo, fadiga, lesões na pele e inflamação de linfonodos. Pode ser transmitida pelo contato direto com secreções respiratórias, lesões na pele, fluidos corporais e objetos contaminados. Ainda não há tratamento específico, e a recomendação é o isolamento de pessoas infectadas para bloquear a transmissão. As medidas preventivas incluem evitar o contato com animais infectados e fazer a higiene frequente das mãos. 

Com informações de IOC/Fiocruz