Arte e Cultura

Oito exposições estão abertas à visitação durante o Festival de Inverno

Espetáculo 'Os orixás', do Giramundo, e apresentação de trechos da Ópera Tiradentes são destaques da programação desta quarta

Pinturas de paisagens brasileiras do século 19 e fotografias que retratam a vida de comunidades atingidas por barragens e aspectos da história de Belo Horizonte com o diversificado conjunto de exposições que podem ser visitadas nos espaços da UFMG que abrigam as atividades do 51º Festival de Inverno. Oito mostras estão abertas nesta quarta-feira, dia 17.   

Água morta – rios, pessoas e impactos socioambientais em uma abordagem transdisciplinar, instalada no Conservatório UFMG, é uma exposição fotográfica que retrata os sentimentos e depoimentos de comunidades atingidas por hidrelétricas. As imagens foram produzidas durante quatro anos pela fotógrafa Marilene Ribeiro. Assista ao vídeo da mostra produzido pela TV UFMG:

Dez aquarelas do século 19 pintadas pelo alemão Friedrich Hagedorn estão expostas no Centro Cultural UFMG. Recém-restauradas, as pinturas, produzidas no século 19, integram a Coleção Brasiliana do Acervo Artístico UFMG e constituem o maior volume de obras do artista alemão reunidas em um só local no Brasil. Entre o fim da década de 1850 e o início de 1880, Hagedorn produziu dezenas de vistas e panoramas do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, da Bahia e de Pernambuco. A exposição foi montada pelos participantes da oficina Ateliê de Montagem de Exposições.

Em Olho nu, também no Centro Cultural, o pintor e desenhista Marco Túlio Resende expõe obras recentes inspiradas no seu alfabeto visual. Resende é dono de estilo que materializa pensamentos construídos a partir de marcas, rastros e fragmentos do humano.

Obra Rua da Horta Grande, de Carlos Wolney, em exposição no Centro Cultural UFMG
Obra Rua da Horta Grande, de Carlos Wolney, em exposição no Centro Cultural UFMG Divulgação

Desenhos, pinturas, gravuras e anotações de atelier materializam o olhar poético de Carlos Wolney, que levou ao Centro Cultural a exposição O afeto do olhar, com curadoria de Mário Azevedo.

O estudante de Artes Visuais da EBA Daniel Grunmann inspirou-se na imagem de Ícaro, a obra Irreversível, para conceber Escultura no centro, instalada no Centro Cultural UFMG. Em seu trabalho, Grunmann faz referência à queda, à entrega e à possibilidade de um dia renascer.

Cidade e história
Também no Centro Cultural, a mostra Cidade Palimpséstica traz uma seleção de fotografias de Belo Horizonte, realizadas entre as décadas de 1960 e 1970, que compõem o acervo do Laboratório de Fotodocumentação Sylvio de Vasconcellos (Lafodoc). Por meio das imagens, é possível perceber as alterações experimentadas pela paisagem urbana da cidade ao longo de seus mais de 100 anos de história. Essas transformações sobrepostas ao traçado original estabeleceram um contraste entre a cidade projetada e aquela que foi sendo habitada. As imagens foram captadas pelos fotógrafos Archimedes Correia de Almeida, Gui Tarcisio Mazonni e Marcos de Carvalho Mazonni. A curadoria é dos alunos do curso de graduação em Museologia da UFMG, sob orientação de Verona Segantini. A exposição também foi abordada em vídeo da TV UFMG:

Outra mostra fotográfica de cunho histórico é Centro Cultural 30 anos, que resgata, por meio de uma linha do tempo, a memória do imponente sobrado que há 30 anos abriga o Centro Cultural UFMG.  A curadoria é de Camilla Borges.

No campus Pampulha, a atração é o Circuito Polímatas, exposição coletiva com 46 obras de artistas como Eduardo Kac, Eder Santos, Giselle Beiguelman e Lucas Dupin. Eles refletem sobre as fronteiras do conhecimento e a interseção de diferentes mídias, artes, tecnologias e linguagens.

Boa parte das exposições continuarão abertas após o Festival de Inverno. Os horários de visitação podem ser consultados no site do evento.

Giramundo e Tiradentes
Dois espetáculos encerram a programação desta quarta-feira. Última criação dirigida por Álvaro Apocalypse, fundador do Grupo Giramundo, Os orixás foi remontado neste ano com atores e músicos negros de Minas Gerais. O espetáculo conta a gênese do mundo, da terra e do homem e a riqueza do panteão africano, seus deuses e heróis, sua mitologia e sua cosmogonia. A trilha sonora foi composta por Sérgio Pererê, com instrumentos como flautas de bambu, nbiras, ronrocos, tamas, recos e djembés. O Giramundo sobe ao palco do Centro Cultural, às 20h. A entrada é gratuita mediante retirada de senhas a partir das 19h. Em entrevista à TV UFMG, a diretora Beatriz Apocalypse fala sobre a montagem:

No mesmo horário, no Conservatório UFMG, pianistas e cantores, alunos e professores da Escola de Música apresentam árias e trechos instrumentais da Ópera Tiradentes. Composta por Manoel Joaquim de Macedo (1845-1925), com libreto de Augusto de Lima (1859-1934), esse drama musical narra a história da Inconfidência Mineira. A performance será precedida de minipalestra de Patrícia Valadão, em que, além de dar detalhes sobre a obra, discorrerá sobre alguns quadros instalados no auditório do Conservatório. De autoria de Antônio e Dakir Parreiras, as obras são datadas do início do século passado e retratam cenas da ópera.

Fora do museu
Começa nesta quarta-feira, no Conservatório UFMG, a oficina Expografia em espaços não convencionais, dirigida a profissionais, estudantes e acadêmicos que se dedicam a questões de curadoria, arquitetura e museologia em espaços diferentes daqueles dos museus e das galerias de exposição tradicionais.

Durante a atividade, serão apresentadas estratégias, ideias e conceitos para intervir em espaços usualmente não explorados como locais expositivos – fábricas, armazéns, edifícios e museus abandonados. As sessões serão seguidas de curto exercício prático, em que será elaborada uma leitura e intervenção imaginária num espaço concreto.

A oficina, que termina no sábado, dia 20, será ministrada pela arquiteta Inês Moreira, professora auxiliar convidada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em Portugal, onde leciona Cultura Contemporânea e Curadoria de Exposições. Ela é curadora de exposições e eventos em diversos ambientes históricos abandonados e em locais pós-industriais em Portugal, Espanha, França e Polônia.