Pesquisa e Inovação

ONU aponta responsabilidade das instituições de segurança e justiça na perpetuação do racismo

Programa Conexões desta segunda-feira, 5, discutiu racismo sistêmico e estrutural

Anuário Brasileira de Segurança Pública demonstrou que a polícia brasileira é a que mais mata no mundo, sendo que oito em cada dez mortos são pessoas negras
Anuário Brasileira de Segurança Pública demonstrou que a polícia brasileira é a que mais mata no mundo, sendo que oito em cada dez mortos são pessoas negras Reprodução / Pexels

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou, na última semana, um relatório sobre racismo e instituições de polícia e Justiça. Assinado pela alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, o documento lista sete exemplos que ilustram como investigações e processos jurídicos não levam em conta o efeito do racismo nas instituições. Entre os casos citados, dois aconteceram no Brasil: o caso do menino João Pedro, 14 anos, assassinado no ano passado durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil no Rio de Janeiro, e de Luana Barbosa, morta em 2016, na cidade de Ribeirão Preto. Três polícias militares são acusados de espancá-la durante uma abordagem. Em ambos os casos, nenhuma pessoa foi declarada responsável pelo assassinato. O objetivo do documento é argumentar que, com o enorme número de casos em que pessoas negras em contato com instituições de segurança foram violentadas e mortas, é urgente que os países direcionem o olhar para o enfrentamento do legado da escravidão e do colonialismo. 

O professor Natalino Neves, da Faculdade de Educação da UFMG e membro do Núcleo Gestor do Programa de Ações Afirmativas, foi convidado para discutir o tema no programa Conexões desta segunda-feira, 5. Durante a conversa com a apresentadora Luíza Glória, ele conceituou o racismo sistêmico, apresentou dados que comprovam essa violência e a impunidade e explicou os impactos para a população, especificamente para a negra.

“O problema que estamos enfrentando é de médio/longo prazo. É preciso desnaturalizar o imaginário social brasileiro de que toda pessoa negra é um potencial suspeito criminoso. O desafio que tem quer superado é o reconhecimento de responsabilidade, por parte do Estado, das instituições e das pessoas, das consequências letais que o racismo institucional tem ocasionado à população negra, defendeu.

Produção: Laura Portugal, sob orientação de Luiza Glória

Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael