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Professor da Nutrição analisa proposta de flexibilização da data de validade dos alimentos

Proposta tem sido encarada pelo governo como como política para lidar com o aumento da fome e a disparada dos preços dos alimentos

De acordo com Pesquisadores do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, 59,4% dos domicílios brasileiros relataram estar vivendo algum nível de insegurança alimentar desde 2020
De acordo com Pesquisadores do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, 59,4% dos domicílios brasileiros relataram estar vivendo algum nível de insegurança alimentar desde 2020 Reprodução/Pexels

O governo federal anunciou a criação de um grupo de trabalho para avaliar uma proposta de flexibilização da regra que trata da validade de alimentos no Brasil. A iniciativa foi apresentada no Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados, no dia 17 de junho. No evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a revisão da legislação pode contribuir para o combate ao desperdício de alimentos, permitindo que a comida não consumida seja usada para alimentar pessoas em situação de fome. A proposta é adotar um modelo que possibilite vendas de baixo custo e doações a partir de determinado prazo, prática já realizada em diversos países, entre eles a Dinamarca e a Alemanha.

Para discutir a proposta de flexibilização da data de vencimento dos alimentos, o programa Conexões desta segunda-feira, 21, convidou o professor Gilberto Simeone, do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG. Na entrevista, ele explicou a legislação brasileira atual e a diferença entre outras formas de consumo de alimentos, como a ‘best before’ - consumir preferencialmente antes. 
Gilberto Simeone também destacou que a política de segurança alimentar não se resume a evitar o consumo de alimentos com a presença de microorganismos patogênicos ou alimentos que possam produzir determinadas toxinas. Tratam-se de regras que garantem a segurança microbiológica, nutricional e o consumo de  alimentos íntegros.

O professor também comentou o posicionamento do ministro Paulo Guedes, favorável a doação das sobras de restaurantes e estabelecimentos afins, como política de combate à fome. 
“Há várias outras iniciativas que consideram o que é a segurança alimentar no seu amplo sentido. A partir do momento em que o alimento sai para ser servido, num restaurante a peso, por exemplo, e é exposto para que você se sirva, o alimento está ao ar livre e, mesmo que [se acondicionado] na temperatura correta, é considerado sobra suja. Então, ou ele é consumido naquele período de tempo em que ele foi exposto ou deverá ser descartado, porque já há um determinado crescimento de microorganismos e oxidações, mesmo que ninguém tenha tocado nele”, explicou.

O professor Gilberto Simeone é colaborador da Rádio UFMG Educativa, com o programa Nutrisanas, que vai ao ar de segunda a a sexta-feira, às 11h45, com dicas de nutrição para o seu dia a dia.

Produção: Laura Portugal, sob orientação de Luíza Glória
Publicação: Flora Quaresma, sob orientação de Hugo Rafael