Programação especial celebra 20 anos do Conservatório UFMG como espaço cultural
Após reforma, edifício tombado foi reinaugurado no ano 2000
Faz 20 anos que o Conservatório UFMG foi transformado em centro cultural e se abriu para a comunidade. A comemoração festiva com presença do público foi adiada para 2021, por causa da pandemia – na ocasião serão celebrados também os 95 anos de construção do edifício –, mas o Conservatório preparou uma série de publicações on-line, para a próxima semana (31 de agosto a 4 de setembro). Além de playlists temáticas dos concertos realizados na Casa e de dicas culturais, será apresentado um vídeo com depoimentos de ex-funcionários e ex-diretores, do atual diretor, Fernando Rocha, e do diretor de Ação Cultural da UFMG, Fernando Mencarelli.
Construído em 1911, o prédio do Conservatório, localizado na Avenida Afonso Pena, 1.534, é um dos mais antigos de Belo Horizonte e considerado um dos mais charmosos. O edifício é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha) e pela Secretaria de Cultura da capital. Desde a inauguração, em 5 de setembro de 1926, a edificação é identificada em sua fachada como Conservatório Mineiro de Música.
Dedicado ao ensino da música, o Conservatório passou a integrar a UFMG em 1966 e abrigou sua Escola de Música por 30 anos, até a transferência da unidade para o campus Pampulha. Após sediar a Comissão Organizadora do Centenário de BH em 1997, o prédio passou por grande reforma, foi restaurado, ampliado e “reinaugurado” em agosto de 2000, já sob o novo nome, Conservatório UFMG.
“O espaço foi reaberto como equipamento cultural para cumprir o importante papel de aprofundar a relação da Universidade com a cidade de Belo Horizonte, por meio de programas extensionistas e culturais”, afirma o professor Fernando Mencarelli, diretor de Ação Cultural da UFMG. Desde sua reabertura, o Conservatório vem oferecendo programação variada e de qualidade – concertos, exposições, lançamentos editoriais, seminários, entre outras atividades.
Nos primeiros anos após a reinauguração, o Conservatório foi gerido por meio de parceria entre a UFMG e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), que foi a responsável pela reforma, relata o produtor cultural aposentado Carlos Reis, que dirigiu a instituição de 2005 a 2014. “Ao final da gestão do reitor Ronaldo Pena (2006-2010), a UFMG assumiu integralmente o espaço. "Quando eu cheguei, a programação era restrita sobretudo a concertos de música erudita. Por orientação da reitoria, à época, abrimos para todos os tipos de música", diz Reis.
Assim, a programação passou a incluir gêneros populares brasileiros, como samba e choro, e a música contemporânea em geral, apresentada por artistas de todo o mundo. "Recebemos o compositor indiano Ravi Shankar, que era uma espécie de guru dos Beatles e que esteve em palcos históricos como o de Woodstock e o do Festival de Montreaux", exemplifica Carlos Reis.
Em 2014, o Conservatório passou a integrar a Diretoria de Ação Cultural (DAC), órgão vinculado à Reitoria, que propõe e executa as políticas de cultura da Universidade. Fernando Mencarelli, titular da DAC, ressalta o papel de articulação desempenhado por equipamentos como o Conservatório UFMG: “Os espaços culturais cumprem papel fundamental, pois são os polos em que se dá efetivamente a interação da Universidade com as comunidades local, regional e nacional. É por meio desses espaços, com sua ampla diversidade de perfis, que a Universidade encontra a forma de fazer circular sua produção de conhecimento nas áreas das artes e da cultura e executa os princípios, valores e diretrizes de sua política acadêmica e cultural.”
Patrimônio mineiro
O edifício principal, construído em 1925, foi inaugurado no ano seguinte como sede do Conservatório Mineiro de Música. Em 1962, a instituição foi integrada à UFMG. Em 15 de março de 1988, o prédio foi tombado como patrimônio arquitetônico pelo Iepha.
O Conservatório UFMG tem área aproximada de 1.500 metros quadrados e ambientes com diversas finalidades. O auditório principal, sala de concertos com excelente acústica, tem capacidade para 220 pessoas e é equipada com ótimo sistema de som e um piano Steinway & Sons. Desde sua construção, a sala é referência para os amantes da música em Belo Horizonte, particularmente da música erudita, mas também, mais recentemente, da música popular, sobretudo a instrumental brasileira. O auditório é decorado com 13 telas centenárias, dos pintores Antônio e Dakir Parreiras, que retratam cenas inspiradas na Ópera Tiradentes, do violinista e compositor Manoel Joaquim de Macedo Júnior.
O Conservatório dispõe de mais quatro salas e um miniauditório equipados para aulas e palestras e uma sala multiuso para ensaio de grupos maiores e atividades interdisciplinares. Outros espaços que compõem o Conservatório são os dois pátios, um interno e aberto, outro coberto e com acesso pela Rua Guajajaras.
Vocação para a música
Ao longo dessas duas décadas, e sobretudo a partir de 2006, o Conservatório UFMG tem oferecido à comunidade universitária e à população de Belo Horizonte programação musical que valoriza novos talentos e traz à cidade nomes reconhecidos nacional e internacionalmente. A oferta foi distribuída em projetos como o Pizindim – Choro no Palco, o Sambaqui, que recebia sambistas de Belo Horizonte, e o Concertos Didáticos, dedicado exclusivamente à música erudita.
Desde 2014, o Conservatório promove mais de 100 concertos gratuitos a cada ano, das mais diversas formações. Até março deste ano, antes da suspensão das atividades devido à pandemia do novo coronavírus, as apresentações eram diárias na Casa, vinculadas às séries Performare, Conexões Musicais, Palco Livre, Quarta Cultural, Perspetiva, Circuito Contemporâneo, Vertentes e Concertos de Outono e Primavera, esses últimos de iniciativa da Organização dos Aposentados e Pensionistas da UFMG, a OAP.
O Conservatório inaugurou recentemente seu Centro de Memória, criado com base em projeto de memória institucional relacionado às comemorações, em 2015, dos 90 anos da Escola de Música da UFMG, antigo Conservatório Mineiro de Música. O projeto foi idealizado pela professora Guida Borghoff, então diretora do espaço, com o objetivo de organizar e disponibilizar o acervo digitalmente.
Novos tempos, novos projetos
Com a suspensão das atividades presenciais, o Conservatório UFMG promove o projeto Notas de Memória, que divulga no YouTube trechos de apresentações musicais que fazem parte do acervo de seu Centro de Memória. A equipe da instituição seleciona dicas culturais para o público, disponibilizadas no Facebook e Instagram. Professores da Universidade são convidados a também compartilhar sugestões em suas áreas de especialidade, indicando livros, filmes e sites acessíveis ao público amplo.
O Conservatório UFMG integra ainda projetos realizados pela DAC, como a exposição virtual das 14 telas da Ópera Tiradentes, e o Festival de Inverno, que terá sua 52ª edição entre os dias 14 e 23 de setembro, com palestras, fóruns e apresentações artísticas com transmissão ao vivo pela internet.
Na pausa, a equipe se dedica ainda a organizar os arquivos do Centro de Memória e a tornar disponíveis gravações e fotografias aos grupos artísticos que participaram das últimas temporadas. “Revendo esse material, tivemos a dimensão do volume e qualidade do trabalho desenvolvido pelo Conservatório. Além de matar saudades dos concertos, é também uma forma de manter contato com os artistas, que são parceiros fundamentais na intensa programação que oferecemos”, diz a produtora cultural Bruna Acácio.
O diretor do Conservatório UFMG, Fernando Rocha, enfatiza que há planos para o futuro. “Estávamos muito animados com a programação para este ano e tínhamos a agenda do primeiro semestre toda fechada quando fomos surpreendidos pela pandemia. Desde então, além de nos mantermos ativos nas redes sociais, divulgando parte do acervo, estamos planejando diferentes cenários seguros para a volta de nossas atividades presenciais e ações que não estavam ocorrendo de forma regular, como uma série musical dedicada ao público infantil e outra de concertos e depoimentos de personagens-chave na história musical da cidade”, afirma o diretor.
Conheça a agenda que vai celebrar os 20 anos da transformação do Conservatório UFMG em espaço cultural.
31 de agosto a 2 de setembro, às 12h
Lançamento de playlists temáticas do Notas de Memória, com trechos de apresentações musicais no Conservatório UFMG.
Segunda, 31: música popular
Terça, 1º: música erudita
Quarta, 2: música contemporânea e instrumental
3 de setembro, às 12h:
#DicaCultural do Conservatório UFMG
4 de setembro, às 12h
Lançamento de vídeo com depoimentos de diretores e funcionários sobre os 20 anos do espaço cultural
Todos os vídeos serão lançados no canal do Conservatório UFMG no YouTube, no Facebook e no Instagram.