Projeto da Faculdade de Medicina ajuda mulheres a enfrentar o medo do estupro
Trabalho desenvolvido no mestrado profissional do Programa de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência é tema do novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Apresentar estratégias de enfrentamento diante do medo do estupro, por meio de oficinas que abordam a violência doméstica e contra a mulher, de forma mais ampla, estimulando a conscientização e a identificação de situações de risco. Esse foi o objetivo de um trabalho realizado no âmbito do projeto Para elas, por elas, por eles, por nós, idealizado pela médica e professora Elza Machado de Melo, que morreu em 2023.
Seu legado e sua produção acadêmica inspiraram a professora e assistente social Maria das Dores Nunes Lopes e Sousa, autora do trabalho Medo da mulher quanto ao estupro, apresentado ao Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG.
Formada em Letras e em Serviço Social, a Professora Dasdores, como é mais conhecida, atua em uma das oficinas do Para elas. Durante o trabalho desenvolvido no mestrado profissional, ela propôs atividades para a oficina realizada no bairro Granja de Freitas, na Região Leste de Belo Horizonte, com mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social.
“Ali, as mulheres vão falar o que sentem, o que mais dói nelas, o que vem desde a infância: um estupro por parte do padrasto, do pai, do namorado; a esposa que sofre o estupro do marido”, conta Dasdores. “Nas rodas de conversa do Para elas, as participantes têm a confiança e a liberdade de expor aquela dor, aquela angústia que está dentro delas, contar suas histórias, e também têm o ombro das outras que estão compondo aquela roda”, diz.
Autonomia
Além de trocarem experiências, as mulheres têm acesso, no Para elas, a aulas de artesanato, confecção de bijuterias, gastronomia e corte e costura. A ideia é que, com essas atividades, elas ganhem autonomia financeira para conseguir romper o ciclo de dependência econômica dos companheiros agressivos. As atividades também ajudam na recuperação da autoestima das mulheres, que se sentem mais bonitas usando as bijuterias que elas mesmas produzem.
As atividades do Para elas contam com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte. Na dissertação desenvolvida no mestrado profissional, Dasdores enfatiza a importância da continuidade do projeto como política pública. O trabalho foi desenvolvido sob orientação do professor Luiz Paulo Ribeiro, da Faculdade de Educação, e coorientação do professor Tarcísio Magalhães Pinheiro, da Faculdade de Medicina da UFMG.
Saiba mais sobre a iniciativa no novo episódio do Aqui tem ciência, que integra a série sobre pesquisas realizadas por mulheres que abordam questões de gênero:

Raio-x da pesquisa
Título: Medo da mulher quanto ao estupro
O que é: dissertação que aborda o medo da mulher de ser estuprada, por meio da revisão de textos acadêmicos sobre o tema e da experiência prática com mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social atendidas nas oficinas do projeto Para elas, por elas, por eles, por nós, em Belo Horizonte.
Autora: Maria das Dores Nunes Lopes e Sousa
Programa de Pós-graduação: Promoção da Saúde e Prevenção da Violência
Orientador: Luiz Paulo Ribeiro
Coorientador: Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro
Ano de defesa: 2024
O episódio 196 do Aqui tem Ciência tem produção, roteiro e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. Ao longo do mês de março, o programa, mais uma vez, apresenta uma série de episódios que valorizam pesquisas feitas por mulheres.
O Aqui tem ciência vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.