Serrão Sem Corona arrecada recursos para moradores do Aglomerado da Serra no combate à pandemia
Projeto vai destinar arrecadações à compra de cestas básicas e produtos de limpeza para a comunidade
Em meio ao combate à pandemia da Covid-19, a situação da população mais pobre é uma das principais preocupações de projetos sociais e de especialistas em diversas áreas de conhecimento e atuação. Não apenas quanto aos riscos à saúde, mas também em relação a prejuízos econômicos que as pessoas de baixa renda estão sofrendo por causa das medidas de distanciamento social. Iniciativas espalhadas pelo Brasil buscam ajudar essa população.
Em Belo Horizonte, um projeto chamado “Serrão Sem corona” pretende arrecadar recursos para os moradores do Aglomerado da Serra, maior favela de Minas Gerais e uma das maiores do Brasil. Aproxima-se que a comunidade tenha entre 50 e 100 mil moradores, divididos em 8 vilas, que se estendem da região-centro sul até a regional leste de Belo Horizonte, na margem de vários bairros da cidade.
Uma das voluntárias do projeto “Serrão Sem Corona”, é Floriscena Estevam, moradora e diretora de uma das escolas municipais da comunidade. Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, Floriscena explicou que os moradores da comunidade ficam ainda mais vulnerabilizados durante episódios como a pandemia do novo Coronavírus: “Além do problema das moradias com muitas pessoas, há também a proximidade das casas. E muitos de seus moradores são trabalhadores informais que precisam sair para garantir suas rendas, o que torna o distanciamento social impossível de ser praticado”.
Problemas com acesso ao Auxílio Emergencial
Segundo Floriscena Estevam, muitos moradores do Aglomerado da Serra estão enfrentando dificuldades para ter acesso ao Auxílio Emergencial do Governo Federal. O auxílio foi criado para fornecer proteção aos trabalhadores informais, autônomos e desempregados no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia da Covid-19. O dinheiro só pode ser recebido mediante registro no Cadastro Único, instrumento do governo que identifica as famílias de baixa renda. Floriscena explica que o Cadastro Único só atende a algumas pessoas que atendem a uma série de requisitos. “Mesmo quando são aprovados no Cadastro, o auxílio demora a sair, e muita gente ainda permanece em análise. Mães menores de 18 anos, por exemplo, não estão conseguindo acessar os benefícios”, explica Floriscena. “Há também muitas pessoas na comunidade que não sabem da existência do Cadastro Único, pois nunca precisaram se registrar nele antes”, acrescenta.
A iniciativa “Serrão Sem Corona” lançou uma campanha de financiamento coletivo, em que busca receber 60 mil reais. A maior parte do dinheiro será destinado à compra de cestas básicas e produtos de limpeza, como sabão e desinfetante. Mas as arrecadações não se resumem às quantias em dinheiro: há também uma frente que recebe doações de alimentos para montagem de cestas básicas. Além disso, o projeto atua levando informação sobre a pandemia até os lugares mais remotos da comunidade. Saiba mais sobre as iniciativas do “Serrão Sem Corona” na entrevista que Floriscena Estevam concedeu ao programa Conexões.