Pesquisa e Inovação

Tecnologia de desinfecção do ar criada na UFMG será disponibilizada para instituições e empresas

Dispositivo com estrutura similar à de um ventilador torre inativa microrganismos; eficácia em ambiente controlado variou de 85% a 95%

Pesquisadores testam o equipamento
Pesquisadores testam o dispositivo: experimentos avaliaram eficácia e condições mecânicas e físicasReprodução / TV UFMG

Dispositivo de baixo custo desenvolvido na UFMG para reduzir a carga de microrganismos no ar (vírus, bactérias, fungos e outros) comprovou grande eficiência em ambientes fechados. Os testes realizados pela coleta de fungos e bactérias indicam eficácia entre 85 e 95% após 24 horas de uso em locais sem ventilação natural. 

A patente da inovação, depositada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), estará disponível para empresas e instituições que queiram utilizar a tecnologia em suas instalações. Um dos pesquisadores envolvidos nos estudos, o professor Alexandre Leão, da Escola de Belas Artes, explica que a tecnologia tem finalidade social, por isso será cedida sem custos a empresas e organismos públicos. "No caso de empresas privadas, a ideia é fornecê-la com o menor custo possível para facilitar o acesso", afirma Leão, em entrevista à TV UFMG (assista ao vídeo no fim desta matéria).

Equipe multidisciplinar de pesquisadores da UFMG começou a trabalhar no desenvolvimento de um protótipo ainda em abril de 2020. O grupo, formado por sete professores e cinco colaboradores de áreas como biologia, engenharia, física, conservação preventiva de bens culturais e imagem científica, receberam, a partir do segundo semestre do ano passado, apoio financeiro da Pró-reitoria de Pesquisa para realização de experimentos e aperfeiçoamento da tecnologia.

O processo de pesquisa incluiu experimentos cuidadosamente preparados para validar a eficiência do dispositivo em termos mecânicos – medições e análise da vazão de ar –, físicos – medição da energia emitida, cálculo da dose e análise de vazamento de energia nas extremidades do dispositivo – e biológicos – experimentos para avaliar a eficiência do equipamento contra vírus, bactérias e fungos.

Radiação
Ideal para espaços pequenos com pouca ou nenhuma ventilação natural, como salas com ar-condicionado em ambiente hospitalar, escolas, asilos ou escritórios, o equipamento é muito semelhante a um ventilador torre. “Ele contém um ventilador na parte superior para aspirar o ar do ambiente contaminado com vírus, bactérias e outros microrganismos. Quando estão dentro do dispositivo, esses microrganismos ficam expostos à radiação de uma lâmpada UV-C e sofrem danos em seu DNA e RNA”, explica o professor Wagner Rodrigues, do Departamento de Física do ICEx, vice-diretor do Centro de Microscopia da UFMG. Esse processo promove a inativação dos vírus, ou seja, reduz a possibilidade de infecção quando o ar é devolvido ao ambiente.

O fato de a radiação ficar completamente contida no interior do dispositivo torna seu uso seguro em ambientes em que circulam pessoas. A UFMG patenteou a tecnologia para que ela fosse produzida com total segurança quando disponibilizada aos setores público e privado. Além disso, o dispositivo é de fácil produção, porque tem estrutura simples.

Apesar da eficiência do equipamento na desinfecção do ar, o uso de máscara e a adoção sistemática de outras medidas de higiene são fundamentais para evitar o contágio e a propagação de doenças transmissíveis pelo ar, como é o caso da covid-19. “Uma pessoa infectada, em contato com outra, pode transmitir doenças que se propagam pelo ar, mesmo que no ambiente exista esse tipo de equipamento de desinfecção do ar”, alerta Alexandre Leão.

Outro integrante da equipe, o virologista Jônatas Abrahão conta que o grupo não chegou a realizar experimentos diretos com o Sars-CoV-2 por razões de segurança. No entanto, os testes foram feitos com microrganismos mais resistentes do que o coronavírus. “Um dos propósitos é combater bactérias multirresistentes presentes em hospitais, fato percebido há muitos anos na área médica como uma preocupação, o que ainda demandará testes e experimentos biológicos", justifica Abrahão, que é professor do ICB.

Nesta reportagem da TV UFMG, pesquisadores dão mais detalhes da tecnologia.

Luiza França