UFMG apoia capacitação de mulheres do Norte de Minas na área da moda
Ação de extensão da Belas Artes vai analisar viabilidade e propor alternativas para formação em municípios de baixo IDH do Vale do Mucuri; iniciativa é do governo do estado
![Acervo do projeto de extensão Representantes das cidades-sede do projeto Trajeto Moda estão hospedadas na Moradia Universitária](https://ufmg.br/thumbor/6UO186OusAPXxOSCP01f9LrHcfg=/0x91:1605x1160/712x474/https://ufmg.br/storage/8/7/9/1/879134fe207894069a0e214e727b4126_16279364064577_2067835037.jpg)
Ação de extensão vinculada à Escola de Belas Artes da UFMG vai integrar projeto do governo de Minas Gerais que visa à formação de mulheres do Vale do Mucuri, na região Norte do estado, na área de produção de moda. O papel do grupo do curso de Design de Moda será avaliar uma experiência de teste que começa a ser realizada no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte.
O piloto do projeto Trajeto Moda, iniciativa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese-MG), foi lançado nesta segunda, 2 de agosto, em cerimônia na Utramig – Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais. A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, participou do evento, ao lado da secretária Elizabeth Jucá e de representantes de entidades parceiras.
O Trajeto Moda visa capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica, com prioridade para aquelas em situação de violência doméstica, de sete cidades com baixo IDH. Serão atendidas inicialmente 280 mulheres, das zonas urbana e rural, dos macromunicípios de Muriaé, Governador Valadares, Salinas, Almenara, Diamantina, Teófilo Otoni e Montes Claros. O projeto piloto inclui 10 mulheres da capital e sete líderes de cada uma das chamadas cidades-sede. Elas vão vivenciar um modelo de cooperativa já organizada, que será replicada de forma experimental nos seus respectivos territórios, e mais tarde serão referências em suas comunidades.
A iniciativa, que visa potencializar o crescimento pessoal e a independência financeira, prevê formações em corte e costura, liderança, associativismo, vendas, entre outras. O grupo ficará na capital por três meses, tempo necessário para toda a formação proposta.
![João Pedro Viegas | AssCom Sedese-MG Sandra Goulart Almeida (com microfone), na abertura do evento:](https://ufmg.br/thumbor/ergKkqn4merKDqC5Lxm6ryrWbIA=/0x0:1282x857/712x474/https://ufmg.br/storage/b/8/3/8/b8384f81d78e38d847ff082c646081ce_16279378406034_246264961.jpg)
“A UFMG se orgulha de poder contribuir com a geração de trabalho e renda e o empoderamento de mulheres que, justamente por falta de autonomia, estão expostas a situações inaceitáveis como a da violência doméstica”, afirma a reitora Sandra Goulart Almeida. “Estaremos sempre presentes na vida da sociedade mineira por meio de ações de extensão, apoiando diferentes segmentos da população com projetos relacionados a áreas como a saúde, os direitos humanos e o desenvolvimento social e econômico.”
Conhecimento, prática e cidadania
A participação da UFMG no Trajeto Moda, por meio do projeto de extensão Remodelando perspectivas, é uma forma de contribuir, na visão da professora Soraya Coppola, uma das coordenadoras do projeto, para, “por meio de capacitação técnica, reconduzir o fazer manual têxtil ao papel de ação transformadora capaz de construir, no coletivo, qualidades subjetivas do sujeito, tais como autoconfiança, autonomia e autoafirmação”. Para a professora da EBA, que está à frente do Grupo de Pesquisa Studiolo, a parceria da UFMG com o governo de Minas “alinha conhecimento, prática e o potencial da área da moda de apoiar a construção da cidadania”.
O grupo da UFMG vai avaliar a aplicabilidade da metodologia do projeto durante o experimento em Belo Horizonte, tendo em vista a realidade do público-alvo. Como informa a outra coordenadora do projeto, a técnica de laboratório em figurino e vestuário Daise Guimarães, o grupo vai desenvolver instrumentos de análise, coletar e sistematizar informações sobre as regiões das mulheres beneficiadas, mapear a cadeia produtiva e as vocações locais no setor da moda. Ela destaca a importância de resgatar a autoestima das mulheres e de capacitá-las também para atividades de gestão de negócio. “Vamos colaborar também propondo alternativas para situações específicas, como poderá ser o caso da adoção de estruturas móveis para atender as comunidades rurais”, acrescenta Daise Guimarães.
![Acervo pessoal Josiany de Sousa: empoderamento e esperança](https://ufmg.br/thumbor/UO80xREcBEhxI_0QUI9z34phnlw=/17x0:512x759/352x540/https://ufmg.br/storage/7/1/9/8/719834b208bd66fba78c3242b01d4d24_16279359516864_1774651577.jpeg)
Moradora do Quilombo Santa Cruz, em Ouro Verde de Minas, município próximo a Teófilo Otoni, Josiany Vieira de Sousa é uma das participantes da experiência na capital. Ela integra um grupo de empreendedorismo em moda em sua comunidade que visa promover a autonomia financeira e o empoderamento feminino. “Vemos nesse projeto uma oportunidade de fortalecer o nosso grupo, ganhar melhores condições para exercermos a atividade e dar esperança a mulheres vítimas de violência que precisam trabalhar e fazer sua própria renda”, ela diz.
O Trajeto Moda tem apoio de órgãos públicos dos poderes Executivo e Legislativo, empresários do universo da moda, organizações civis e instituições como Senac e Defensoria Pública, além da UFMG.
As sete participantes das cidades-sede estão hospedadas na Moradia Universitária da UFMG.