Arte e Cultura

UFMG recebe caminhão-museu com a exposição ‘Itinerários da Independência’

Desenvolvida pelo Projeto República, em parceria com o Senado Federal, mostra explora movimentos que ajudaram a dar corpo ao processo de emancipação do país

Caminhão-museu ficará no campus Pampulha até a próxima sexta-feira, 8 de julho
Caminhão-museu ficará no campus Pampulha até a próxima sexta-feira, 8 de julho Divulgação | Projeto República

A partir desta quarta-feira, 6 de julho, estará no campus Pampulha a exposição Itinerários da Independência. Instalada em um caminhão-museu estacionado em frente ao prédio da Reitoria, a mostra poderá ser visitada gratuitamente até sexta-feira, dia 8.

As visitas começam nesta quarta-feira, às 14h. A abertura oficial ocorre às 17h, com a presença da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e da professora do Departamento de História Heloísa Starling, coordenadora do Projeto República, núcleo de pesquisa da UFMG responsável pela concepção da exposição. A atividade celebra o Bicentenário da Independência e, em sua passagem pelo campus Pampulha, integra as comemorações dos 95 anos da Universidade.

Parte integrante das atividades organizadas pela Comissão Especial Curadora do Bicentenário da Independência do Brasil do Senado Federal, a exposição Itinerários da Independência reúne diferentes recursos expográficos, audiovisuais e bibliográficos que apresentam a história de projetos e conflitos políticos relacionados à Independência do Brasil, extrapolando o clássico episódio do grito de Dom Pedro I às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo. A montagem apresenta ao visitante diversas oportunidades para conhecer melhor essa parte da história do país. 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, à época do lançamento do site Itinerários virtuais da Independência (também resultado de parceria da UFMG, por meio do Projeto República, com o Senado Federal), a historiadora Heloísa Starling destacou a importância de olhar para o processo que culminou com a independência do Brasil de maneira mais ampla, para além do “pacífico” e “consensual”. "Para isso, [esse projeto] precisou apagar aquilo que significou o diferente, a discordância", afirmou.

Em texto que apresenta a exposição, os pesquisadores do Projeto República também destacam essa diversidade, ao lembrar que, “vista do Rio de Janeiro, a Independência concebeu a ideia de Império. Um meio eficaz de manter a unidade territorial da antiga colônia, concentrar poder e preservar a escravidão – criou a matriz de configuração do Estado brasileiro. Mas não foi o nosso único projeto de Independência”. 

Na sequência, os curadores da mostra elencam episódios que ajudaram a construir essa história: “Em 1817, Pernambuco abriu o ciclo revolucionário da Independência. Sustentou um programa de emancipação libertário e radical: federalista, republicano e voltado para a garantia do princípio de autogoverno provincial. O ciclo revolucionário da Independência se estendeu até 1824, com a Confederação do Equador. É a nossa outra Independência, como definiu o historiador Evaldo Cabral de Mello.”

Mas não foi apenas Pernambuco que registrou movimentos que, associados, culminaram na Independência. “No Sul, a Banda Oriental já enfrentava uma conjuntura de guerra antes mesmo de ser incorporada ao Reino do Brasil, tornando-se a província Cisplatina (atual Uruguai). Na Bahia, uma guerra contra as tropas portuguesas dominou o cenário da Independência e se estendeu até 1823. No Piauí, numa das batalhas mais sangrentas da Independência, 200 brasileiros foram mortos a tiros de canhão, no leito seco do rio Jenipapo.” Ainda assim, lembram os pesquisadores, não houve unidade: “O Grão-Pará e o Maranhão recusaram a Independência. Seu projeto político defendia permanecer na condição de Reino Unido a Portugal e Algarves.”

Estrutura da exposição
O caminhão-museu que abriga a exposição tem seis ambientes. O primeiro deles é uma sala de cinema (com projeções de vídeos curtos sobre o tema da Independência). O segundo espaço é uma sala de realidade virtual, na qual o visitante poderá ser fotografado participando de dois momentos históricos desses itinerários. O caminhão dispõe ainda de biblioteca (equipada com livros e HQs sobre a Independência, oito computadores, por meio dos quais o visitante poderá escutar podcasts e acessar o site Itinerários virtuais da Independência) e 11 painéis com reproduções de obras de artistas, brasileiros e estrangeiros, que remetem a eventos emblemáticos desses itinerários nas diferentes províncias e nos processos de independência das Américas, que, em alguma medida, tiveram ressonância no Brasil. 

Painéis homenageiam mulheres cujo protagonismo foi invisibilizado no processo de Independência
Painéis homenageiam mulheres cujo protagonismo foi invisibilizado no processo de Independência Divulgação | Projeto República

Completando a estrutura, há painéis “instagramáveis” (com duas personagens exemplares da luta pela Independência no Brasil) e o espaço Vira-Vira, intitulado As mulheres que estavam lá. Este último ambiente homenageia oito mulheres que se posicionaram de diferentes maneiras no centro da cena pública durante a Independência, mas tiveram seu protagonismo apagado e esquecido (Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, Bárbara de Alencar, Ana Maria José Lins, Maria Felipa de Oliveira, Maria Clemência da Silveira Sampaio, Maria Quitéria de Jesus, Imperatriz Leopoldina, Uma menina baiana).

Horários
No primeiro dia da exposição (quarta-feira, 6 de julho), a visitação será das 14h às 21h. Na quinta, 7, o caminhão-museu abre mais cedo, às 9h, com visitação até as 17h. No último dia de visitação no campus Pampulha (sexta, 8), a exposição vai receber o público das 9h às 21h.

A entrada é gratuita. Outras informações podem ser encontradas nos perfis do Projeto República no Instagram e no Twitter.