UFMG tem recursos liberados, mas situação orçamentária continua delicada
Bloqueio atrasou pagamento de bolsas e contratos de serviços terceirizados; efetuado em maio, corte de R$ 16 milhões não foi revertido e impactará fortemente o planejamento de 2023
Depois de intensa mobilização de dirigentes e da comunidade universitária, as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) tiveram, na manhã desta sexta-feira, dia 16, os recursos financeiros liberados para o pagamento de bolsas e dos contratos de serviços terceirizados que estavam atrasados. Os valores haviam sido bloqueados no início de dezembro.
“É uma notícia que nos alivia, mas a situação está longe de ser resolvida”, avalia a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. Ela afirma que o último bloqueio provocou grande impacto na rotina da instituição. “Vivemos dias de grande aflição com bolsistas e profissionais terceirizados sem receber seu pagamento, o que nos obrigou, por exemplo, a subsidiar a alimentação de estudantes de pós-graduação da Capes e de bolsistas dos nossos programas de graduação e extensão”, afirma a reitora.
Sandra Goulart destaca, ainda, que o orçamento da UFMG em 2022, já insuficiente, será “ainda mais corroído com as multas que serão cobradas pelos pagamentos atrasados”. Ela acrescenta que os sucessivos bloqueios, que considera “injustificáveis e injustos”, também impactam o planejamento das contas da universidade em 2023. “O corte efetuado em maio, no valor de 16 milhões, não foi revertido e terá fortes consequências no orçamento de 2023”, prevê a reitora.
Entenda o bloqueio
O bloqueio orçamentário imposto pelo governo federal, no último dia 1º de dezembro, obrigou a UFMG a atrasar o pagamento de cerca de 1,6 mil bolsistas dos programas de ensino e extensão, dos seus 1,7 mil profissionais terceirizados, além das contas de água, luz e telefonia. Além disso, cerca de 2,3 mil pós-graduandos (mestrado, doutorado e pós-doutorado) também receberam suas bolsas com atraso.
A UFMG sofreu quatro contingenciamentos em 2022, mas o de dezembro foi o mais prejudicial para as suas contas, pois, além do bloqueio de recursos a serem empenhados, foram cortados todos os valores financeiros comprometidos com serviços e compras já executados, empenhados e liquidados para pagamento em dezembro.