Pesquisa e Inovação

BH tem maior carga do novo coronavírus no esgoto desde o início da pandemia

Monitoramento em seis capitais brasileiras é feito por rede que tem participação da UFMG

Pesquisadores e técnicos coletam amostras na rede de esgoto de Belo Horizonte
Pesquisadores e técnicos coletam amostras na rede de esgoto de Belo Horizonte Acervo INCT ETEs Sustentáveis

Devido ao aumento da carga do novo coronavírus (Sars-CoV-2) nos esgotos de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza e Recife na semana epidemiológica 3 de 2022, de 16 a 22 de janeiro, a Rede Monitoramento Covid Esgotos emitiu a Nota de Alerta nº 05/2022.

Em Belo Horizonte, foi registrada a maior carga viral desde o início do monitoramento na cidade, em abril de 2020: 622 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes nas duas principais estações de tratamento de esgotos (ETEs) da cidade, que atendem a aproximadamente 70% da população da capital: a ETE Arrudas e a ETE Onça. Para efeito de comparação, na primeira semana epidemiológica do ano, essa carga foi de 143 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na capital mineira, ou seja, quatro vezes menor.

O acompanhamento é feito pela Rede Monitoramento Covid Esgotos, criada em abril de 2021, com participação do INCT ETES Sustentáveis, sediado na UFMG.

Segundo o professor César Mota, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia, um dos coordenadores do INCT, o aumento da carga viral na capital mineira foi muito rápido e expressivo. Nas análises feitas na semana de 16 a 22 deste mês, a presença do vírus foi 180 vezes maior que na semana que antecedeu o Natal.

“As cargas virais indicam a quantidade de pessoas infectadas, com ou sem sintomas, o que é especialmente relevante no Brasil, que testou percentual muito pequeno da população. Os tomadores de decisões têm acesso também a situações localizadas – por exemplo, em bairros cujos moradores são mais vulneráveis no que diz respeito à saúde”, afirma.    

Ele ressalta que os dados publicados regularmente pela Rede Monitoramento Covid Esgotos servem de alerta precoce e ainda revelam com boa dose de precisão períodos de agravamento e melhora da situação de pandemia. César Mota lembra que, nos Estados Unidos e na Europa, projetos do gênero anunciaram a  chegada da ômicron – a variante de preocupação do vírus mais recente – e ajudaram a quantificar sua incidência.

“A informação extraída da análise dos esgotos tem sido ainda mais útil nos últimos tempos, em que relativamente menos pessoas infectadas têm procurado os serviços de saúde, uma vez que a ômicron tem geralmente efeitos mais leves”, explica o professor.     

Sem transmissão
Segundo o boletim divulgado pela rede de monitoramento, embora o material genético do novo coronavírus tenha sido detectado no esgoto das seis capitais, não há evidências de que o vírus se encontre em sua forma ativa e infecciosa nesse ambiente. Portanto, a covid-19 não é transmitida por meio de resíduos fecais, esgoto ou água contaminada. Além disso, a Rede não compara as cargas de diferentes cidades, considerando cada realidade isoladamente.

 A Rede Monitoramento Covid Esgotos  acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. O histórico de resultados pode ser encontrado nos Boletins de Acompanhamento, disponíveis no site da ANA.

A Rede é coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pelo INCT ETEs Sustentáveis, com apoio do CNPq e parceria da UFMG, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Colaboram também companhias de saneamento e secretarias estaduais de Saúde.

Com Assessoria de Comunicação da ANA