Pesquisa e Inovação

Com abordagem que une linguística, matemática e biologia, pesquisador da Itália mapeia origens do povo de Madagascar

Maurizio Serva: metodologia pode ser empregada por geógrafos, historiadores e especialistas em geopolítica
Maurizio Serva: metodologia pode ser empregada por geógrafos, historiadores e especialistas em geopolítica Foto: Foca Lisboa / UFMG

Metodologia de trabalho que permite medir objetivamente o grau de relação entre idiomas, por meio da comparação entre as palavras das diferentes línguas foi apresentada na manhã desta quinta-feira, 11, pelo professor italiano na Maurizio Serva, da Università dell’Aquila, durante a conferência As origens do povo malgaxe, algumas certezas e vários mistérios.

Essa medição se baseia na busca de origens em comum para os dialetos falados em Madagascar, na África, a maioria deles incompreensíveis entre si. “É um método que evita a subjetividade. O resultado pode ser inclusive replicado por outros acadêmicos, usando a mesma base de dados”, afirmou. A aplicação dos resultados de seus estudos vai além da linguística e da matemática, alcançando também os campos da geografia, da história e da geopolítica global.

Para Maurizio, a metodologia pode ser aplicada até mesmo por quem não é da área da linguística. “Trata-se de procedimentos similares aos da biologia [em especial na medição do DNA]. Eles lidam com distâncias genéticas, aqui estamos lidando com distâncias linguísticas”, comparou.

O trabalho não apenas confirmou a hipótese de que os dialetos falados em Madagascar são originários da Indonésia, como possibilitou cravar um período para a chegada desse povo na ilha. A pesquisa também mapeia um local específico para essa chegada (o litoral sudeste) e estabelece nova classificação interna dos dialetos falados no país.

Maurizio também mapeou algumas poucas exceções emprestadas das línguas africanas – em especial as palavras referentes a animais. “Também existem algumas palavras emprestadas do ocidente, como as que correspondem a Natal. Do português, temos a correspondência com berinjela. Não é algo surpreendente, já que os navegadores portugueses passavam ‘em frente’ a Madagascar muitas vezes, em seu trajeto até Moçambique”, ilustrou.

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Foto: Foca Lisboa / UFMG


Programa Cátedras
Maurizio Serva está na UFMG como convidado do Programa Cátedras Fundep/Ieat para temporada de um mês. Além da conferência, ele vai desenvolver atividades em colaboração com grupos de pesquisa da Universidade e realizar seminários em cursos de pós-graduação.

Nesta sexta-feira, 12, a partir das 9h30, Maurizio ministrará a palestra Automated languages phylogeny from levenstein distance na Faculdade de Letras. A programação de cursos, palestras e demais atividades do professor italiano no Brasil podem ser conferidas no site do Ieat.

Essa é a segunda temporada do professor na UFMG. Em 2009, sua vinda foi viabilizada pelo Programa Visitas Internacionais, também empreendido pelo Ieat. Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (31) 3409-4123 ou pelo e-mail info@ieat.ufmg.br.