Institucional

Cursar uma universidade é 'sonhar acordado', diz Jamil Cury

Em conferência na recepção de calouros, professor lembrou que estudantes de instituições públicas devem firmar compromisso com um projeto de nação

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Carlos Jamil Cury: projeto de vidaRaphaella Dias | UFMG

“Hoje começa a efetivação de um sonho, um sonho acordado, de olhos abertos. Trata-se de um projeto de vida, que é almejado e consciente, e pode ser bem direcionado, sobretudo, numa universidade. Sonhar de olhos abertos é pensar um projeto de país e de mundo", afirmou o filósofo e educador Carlos Roberto Jamil Cury, na manhã desta segunda-feira, dia 17, na abertura da cerimônia de boas-vindas aos 4.613 novos alunos de graduação que ingressam no primeiro período letivo de 2021.

“Vocês, recém-chegados, são chamados de calouros. O termo 'calouro' define um amador que pretende ser um profissional, aquele que se apresenta em busca de uma oportunidade. Vocês efetivaram a oportunidade ao passarem no processo seletivo, transformando-a na porta de realização de um sonho", sustentou.

Devolução
Carlos Jamil Cury ressaltou que a gratuidade da universidade pública não se justifica apenas por ser um princípio constitucional, mas também porque existe uma expectativa de geração de retorno à sociedade. “O egresso de uma universidade pública, por sua competência, seu compromisso social e coletivo, há de devolver toda a colaboração recebida”, disse.

O professor lembrou que a Universidade sempre teve a autonomia universitária como um horizonte a ser alcançado. Como relatou, a UFMG foi criada em 1927, como uma entidade semiprivada, e foi federalizada em 1949. “A universidade buscou autonomia, separando-se dos padrões que eram estranhos à investigação livre, racional e independente dos poderes políticos e religiosos”, destacou.

O caráter plural e antidogmático da instituição foi enfatizado pelo professor emérito da UFMG, que definiu “o lugar da autonomia como o lugar da circulação do pensamento crítico”. “Na universidade não cabem verdades absolutas e fanatismos, diferentemente do que acontece na vida privada. Aqui deve prevalecer o embate entre pontos de vista e concepções, o confronto epistemológico, a discussão. A verdade científica está sempre em progresso, e vocês são chamados a fazer parte dessa construção”, conclamou.

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Sandra Goulart: defesa da universidade públicaRaphaella Dias | UFMG

Universidade viva
Em sua fala, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou que as universidades públicas são responsáveis por 95% da pesquisa desenvolvida no país. No contexto do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, a dirigente listou algumas das contribuições da UFMG. “Fazemos um terço da testagem em Minas Gerais e estamos desenvolvendo a vacina Spintec, que esperamos oferecer à população no ano que vem”, disse. 

Sandra Goulart conclamou os novos estudantes a divulgar o trabalho da UFMG e se juntarem à luta pelos seus direitos. “Nosso patrimônio precisa ser preservado. Ao defender as escolas públicas, vocês defendem o Brasil. Não se faz um país sem investimento em educação, ciência e cultura. É o único meio de melhorar a vida das pessoas ”, argumentou.

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Alessandro Fernandes: transformar as pessoas e o mundoRaphaella Dias / UFMG

O vice-reitor Alessandro Fernandes ressaltou que uma universidade deve ser vista como espaço de acolhimento. “Vocês estão junto com os professores e os funcionários nessa travessia. A UFMG é uma universidade viva, que transforma as pessoas para que elas possam se transformar no mundo, lutando por mais justiça e humanidade”, afirmou. Alessandro convidou os calouros a conhecer as estruturas e oportunidades oferecidas pela instituição por meio da página do Guia Viver UFMG e dos sites das pró-reitorias de Assuntos Estudantis, Extensão, Graduação e Pós-graduação .

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Bruna Acácio: importância da culturaRaphaella Dias | UFMG

Cultura
Em nome da Diretoria de Ação Cultural (DAC), a produtora cultural Bruna Acácio abordou as mostras virtuais das escolas de Belas-Artes (EBA) e de Música e dos projetos do órgão responsável pela gestão cultural na UFMG.

“A Universidade promove anualmente mais de 2.600 iniciativas e projetos culturais, não só nas unidades e nos campi, mas em outras cidades onde está presente. Também é tarefa da DAC gerenciar os seis espaços culturais da UFMG, cuidar do seu acervo artístico e promover a formação transversal em Culturas em Movimento e Processos Criativos, disponível para todos os graduandos”, disse ela. Informações sobre todas essas iniciativas estão reunidas no site da DAC.

Viver UFMG
A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) retomou a organização dos seminários Viver UFMG, com o objetivo de mostrar aos calouros as múltiplas possibilidades de inserção na vida universitária. Neste ano, os eventos, de periodicidade mensal, também reunirão pessoas de fora da Universidade, que abordarão temas como antirracismo,  saúde mental e diversidade de gênero e sexualidade.

A Prae é responsável pela gestão dos programas de assistência estudantil e chamadas de apoio à inclusão digital. O pró-reitor Tarcísio Vago destacou que a política praticada pela UFMG tem sido decisiva para a garantia de permanência dos estudantes assistidos. A evasão entre os assistidos, informou ele, é de 5%, taxa que não chega a um quarto da evasão geral.

Sob ataque
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) promove nesta terça, dia 18, às 14h, a sua recepção de calouros com o tema Educação sob ataque. Ex-participantes do movimento estudantil vão compartilhar suas experiências na UFMG, com o objetivo, segundo a coordenação da entidade, de motivar os calouros a envolverem-se na luta, por exemplo, contra os cortes orçamentários que têm ameaçado o pleno funcionamento das universidades federais. A live será transmitida pelo canal do DCE no YouTube.

Matheus Espíndola