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Discriminação de expressões artísticas é tema de entrevista no programa Conexões

Investigação da Polícia Civil contra o mural 'Deus é mãe', do Cura, foi tema da conversa com a professora Brígida Campbell, da Belas Artes

Organizadores do Cura denunciam ação
Organizadores do Cura denunciam ação "ilegal e racista" contra artistas que atuaram no mural 'Deus é mãe' Imagem: instagram.com/cf_drones_bh / instagram.com/area.de.servico

Recentemente, a Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito para investigar supostos crimes de pichação e contra o meio ambiente, em uma obra do Circuito Urbano de Arte (Cura), no centro de Belo Horizonte. O alvo da investigação é o mural Deus é mãe, que, em quase dois mil metros quadrados, mostra uma mãe negra carregando um filho no colo e segurando o outro pelas mãos. 

A obra de arte, que fica na Rua Tupis, esquina com a Avenida Afonso Pena, é o maior mural em empena do Brasil, e foi criada pelo artista Robinho Santana, de Diadema, durante a 5ª edição do festival, no ano passado. O trabalho contou ainda com a colaboração de cinco artistas de Belo Horizonte: Poter, Lmb, Bani, Tek e Zoto. Os convidados fizeram uma intervenção artística na obra utilizando caligrafia na estética do pixo, o que teria suscitado a investigação, que ainda corre em sigilo, na Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente. Os organizadores do Cura alegam perseguição policial, “em ação ilegal e de cunho racista”. 

Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, a professora Brígida Campbell, da Escola de Belas Artes da UFMG, destacou que o pixo ainda ocupa um lugar entre a criminalidade e a institucionalização, e vem ganhando espaço em discussões em ambientes como a Bienal de São Paulo, onde tem sido incorporado em exposições e também nos debates sobre os modos de ocupação da cidade.

"Ao mesmo tempo em que é considerado um crime, uma coisa horrível, no campo da arte o pixo já tem um reconhecimento como manifestação cultural importante. Ele surge das periferias, é uma manifestação cultural periférica, jovem e urbana, e tem muito diálogo com a arte e os modos de ocupação da cidade", explicou.

Ouça a conversa com Luíza Glória

Outras informações sobre o Cura podem ser encontrados no site do festival ou no perfil que a equipe mantém no Instagram.

Produção de Hugo Rafael