Arte e Cultura

Eixo-organizador do Festival, residências visam propiciar a imersão dos participantes

Residências sobre música, sonorização, captação de sons, comunicação, cinema, artes gerais, teatro e dança ocorrem em horário integral

Residência 'Laboratório de ComunicaAção: relatos sobre o 50º Festival de Inverno da UFMG'
Residência "Laboratório de ComunicaAção" inspira-se em projeto desenvolvido em favela do Rio de JaneiroDivulgação

O Festival de Inverno deste ano conta com oito residências artísticas, modalidade já experimentada em edições do passado e retomada em 2017. Para os organizadores, desde que o Festival voltou a ser realizado em Belo Horizonte, em 2014, esse tipo de atividade revelou-se o experimento mais bem-sucedido do evento, em razão do tempo de imersão e da convivência que proporciona aos participantes.

“Em cidades menores, como Ouro Preto e Diamantina, as pessoas estão sempre em contato, andando pelas ruas, encontrando-se nas praças. Quando o Festival veio para Belo Horizonte, a cidade de certa forma o engoliu. O objetivo das residências é colaborar para que, mesmo na capital, a imersão possa ocorrer”, explica o professor Mauro Rodrigues, diretor artístico do Festival de Inverno.

A edição de 2017 é exemplar para essa possibilidade de imersão. Na ocasião, os participantes da residência artística com o músico Itiberê Zwarg foram de tal forma impactados pela experiência que decidiram se organizar coletivamente para seguir desenvolvendo o trabalho iniciado durante a atividade, algo que faz lembrar processos que, no passado, deram origem, no âmbito do Festival de Inverno da UFMG, a grupos como Corpo, Giramundo, Galpão, Uakti e Oficcina Multimédia.

Ao todo, neste ano, serão oito residências, sobre os temas música, sonorização, captação de sons, comunicação, cinema, artes gerais, teatro e dança. Cada atividade terá carga horária de 56 horas durante oito dias. As residências serão realizadas nas escolas de Música e de Belas Artes.

Imersão e convivência
Para Mauro Rodrigues, as residências artísticas, em razão de sua carga horária e período integral, são o modelo de atividade mais apropriado para os interesses e as condições atuais de realização do evento. “Buscamos aprofundar esse aspecto de imersão e convivência, e as residências possibilitam isso. Elas são como um ritual de passagem. A ideia é efetivamente oferecer condições para que as pessoas suspendam a pressão de sua mecanicidade, criando assim um espaço liminar de transformação para que, ao voltarem às suas vidas cotidianas, possam alcançá-las como sujeitos mais capazes de confrontar as forças do automatismo”, afirma.

“Nosso interesse é fazer as residências dialogarem, avançando na questão da interdisciplinaridade e vislumbrando a transdisciplinaridade. O que buscamos, basicamente, é a coexistência harmoniosa”, afirma Mauro Rodrigues. Segundo ele, esse diálogo ocorre, por exemplo, nas residências ministradas por Cao Guimarães e pelo grupo O Grivo, que vão relacionar som, cinema e artes plásticas, assim como nas atividades conduzidas por Francisco Valdean e Fernando Braga Campos, que vão tratar dialogicamente da produção de conteúdos comunicativos e da captação e processamento de sons. Em razão da potência de fomentar “pós-liminaridades”, a atividade foi escolhida como eixo organizador da edição deste ano.

Toda a programação do Festival de Inverno da UFMG é gratuita e pode ser conferida no site do evento. Algumas atividades, como as residências, requerem inscrição prévia, que também podem ser feitas através da internet. Além da diretoria geral de Vivas e diretoria artística de Mauro Rodrigues, a programação foi concebida sob a curadoria de Heloisa Faria Braga Feichas, Mário Alex Rosa e Patrícia Gomes de Azevedo.

Confira abaixo uma sinopse de cada atividade:

Ateliê de música – Interdisciplinaridade com dança, com Benjamim Taubkin
Com foco na composição coletiva, estímulos vindos da dança servirão para ampliar a percepção dos músicos sobre as suas próprias criações.

Residência 'Ateliê de música – Interdisciplinaridade com dança'
Benjamim Taubkin ministra residência 'Ateliê de música – Interdisciplinaridade com dança' Foto: Rodrigo Apoena Clemente

Mover e som, com Dudude Herrmann
Entre a residência, a convivência e o compartilhamento, os residentes vão investir na improvisação como recurso para estabelecer diálogos entre música e dança.

Dudude Herrmann ministra a residência 'Mover e som'
Dudude Herrmann ministra a residência 'Mover e som' Foto: Gil Grossi

Sons do Festival, com Fernando Braga Campos [Bozo]
Das entrevistas à criação de paisagens sonoras, os participantes vão receber lições sobre captação e processamento de sons (captação geral e em gravadores portáteis) e sobre montagem de sons em software multipista.

Laboratório de ComunicaAção: relatos sobre o 50º Festival de Inverno da UFMG, com ­Francisco Valdean
Residência inspirada no projeto Imagens do Povo/Observatório de Favelas, do Rio de Janeiro, a atividade vai possibilitar a produção de conteúdos – fotografia, vídeo e texto – para veiculação no site e nas redes sociais do Festival.

Som e improvisação: limites e interseções, com grupo musical experimental O Grivo
Residentes vão pesquisar maneiras de produzir, amplificar e transformar sons via recursos eletrônicos. Na atividade, será criado e montado um pequeno conjunto de improvisações musicais por meio do diálogo entre o som, a música e as narrativas visuais.

Cao Guimarães ministra residência 'Ver é uma fábula'
Grupo musical experimental O Grivo ministra residência 'Som e improvisação: limites e interseções'Divulgação


Ver é uma fábula, com Cao Guimarães
Cao Guimarães vai apresentar panorama de sua produção cinematográfica e propor exercícios sobre narrativas e poéticas visuais, com foco na relação entre imagem e som, explorando a interface de cinema e artes plásticas.

Processos de criação & Pesquisa de materiais, com Jorge Fonseca
Por meio de exercícios teóricos e práticos, os participantes vão desenvolver aspectos como inteligência visual, criatividade, conhecimento, percepção, sensibilidade e repertório cultural.

Residência 'Processos de criação & Pesquisa de materiais'
Jorge Fonseca ministra residência 'Processos de criação & Pesquisa de materiais' Divulgação

Memórias inventadas: um laboratório teatral sobre a improvisação estruturada, a partir de textos de Manoel de Barros, com François Kahn
O ator, diretor, dramaturgo e pedagogo teatral vai propor a composição de cenas individuais e coletivas, com base na improvisação de lembranças pessoais.

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François Kahn ministra residência sobre teatro Divulgação